Acompanhamento médico regular é dica para manter a boa saúde do coração

O médico cardiologista Luciano Moreira Baracioli discorre sobre causas, consequências e, sobretudo, a prevenção que se deve ter a fim de evitar doenças cardíacas

 29/09/2023 - Publicado há 7 meses
No imaginário popular, existem muitas distorções sobre a doença, que influenciam no número alto de casos e atrapalham a prevenção – Foto: Lepraxis via Pixabay
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O dia 29 de setembro é o Dia Mundial do Coração, o qual destaca o setembro vermelho, mês que reforça a necessidade dos cuidados com o coração. O infarto, principal doença nesse órgão, apresenta cerca de 400 mil casos por ano e uma média de duas mortes a cada 10 minutos. 

Luciano Moreira Baracioli, médico da Unidade Clínica de Coronariopatia Aguda do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, comenta as principais causas da doença e os cuidados que devem ser tomados para evitá-la.

Aspectos importantes

O infarto é a principal causa de morte das doenças cardiovasculares, portanto, segundo Baracioli, mesmo com a evolução dos tratamentos, ele merece todo o foco na sua prevenção. “A gente tem que pensar nos fatores de riscos: a pressão alta, a diabete, o tabagismo, o colesterol alto, a obesidade e o sedentarismo estão entre as principais coisas que temos que ter foco para diagnosticá-las e preveni-las”, desenvolve.

Para o especialista, mesmo com a conscientização popular acerca dos fatores de risco, os indivíduos não se previnem de maneira correta e só dão atenção após o ocorrido. Na opinião dele, deve existir uma regularidade nos acompanhamentos médicos para a obtenção de diagnósticos precoces e para a prevenção do contexto do infarto.

Mitos

No imaginário popular, existem muitas distorções sobre a doença, que influenciam no número alto de casos e atrapalham a prevenção. Um dos principais mitos é o de que jovens adultos não correm riscos de sofrer infarto, pois este só acometeria pessoas idosas. “Existe uma maior ocorrência no passar dos anos, para os idosos em especial, mas existe infarto no adulto jovem”, explica Luciano. Ele ainda complementa que um dos maiores riscos dos jovens é a falta da circulação colateral, uma proteção que auxilia no momento em que ocorre o entupimento, e isso impacta em infartos maiores. Além disso, os fatores de risco, em especial o tabagismo e a obesidade, são a principal causa para a ocorrência nesses indivíduos.

Outra narrativa que percorre a sociedade é a de que o risco de infarto em mulheres é menor do que em homens. Isso ocorre porque a maior parte dos diagnósticos é de pessoas do gênero do sexo masculino, contudo, é possível observar que esse perfil está mudando nos últimos anos. Segundo o médico, a maior participação feminina na sociedade influenciou para o aumento dos casos, visto que contribuiu para o aumento da pressão alta, do tabagismo e do estresse. Dessa forma, houve um crescimento dos fatores de riscos nas mulheres, a que se sucedeu uma maior ocorrência de infartos naquelas mais jovens. 

Sinais do infarto

“Ocorre uma obstrução de um vaso chamado coronária, que nutre todo o músculo do coração. A partir do momento que existe uma interrupção desse fluxo de sangue, o sintoma principal e mais frequente é a dor torácica”, explica o médico. Os sintomas são dores mais frequentes no peito e nas costas — em especial na escápula — , que costumam ter uma intensidade forte. A dor pode irradiar para os braços e para a boca do estômago. Também são comuns o suor frio, náusea e falta de ar, que podem não ser tão evidentes.

O especialista ressalta a necessidade do atendimento logo após o surgimento dos sinais, pois o passar do tempo compromete o músculo do coração: “O importante é que desconfortos torácicos, sejam no peito ou nas costas, que não tenham uma origem que possa ser justificada nesse momento, é de fundamental importância que esse paciente procure um atendimento médico urgente”. Ele afirma que, quanto maior a demora para o atendimento, maior a chance de sequelas — denominada por ele como morte do músculo. O paciente que sobrevive à doença possui seu músculo cardíaco danificado e isso propicia o enfraquecimento da bomba cardíaca e um aumento da área do coração. Com isso, o enfermo apresenta um maior cansaço e falta de ar com exercícios simples do cotidiano, como uma caminhada leve.

Maneiras de prevenção

De acordo com o especialista, o indivíduo deve produzir hábitos saudáveis como forma de prevenção ao infarto. “Ele deve fazer atividade física regular por 40 minutos, quatro a cinco vezes na semana, e mudar de hábitos alimentares para evitar que desenvolva diabete, aumente o nível da glicose, da pressão e o depósito de colesterol”.

Ele ainda reforça que, mesmo com essa mudança, a pessoa ainda deve ter um acompanhamento médico e realizar exames regulares. Por fim, a necessidade da suspensão do tabagismo faz-se necessária, uma vez que possui uma influência muito grande na ocorrência do infarto, especialmente nos jovens.


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