Previsão da oferta de grãos segue firme!

Por Marcos Fava Neves, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, Vinícius Cambaúva e Vitor Nardini Marques, mestrandos na FEA-RP

 08/07/2022 - Publicado há 2 anos
Marcos Fava Neves – Foto: Arquivo pessoal
Vinícius Cambaúva – Foto: Arquivo pessoal
Vitor Nardini Marques – Foto: Arquivo pessoal

 

Vamos às reflexões dos fatos e números do agro em maio/junho e o que acompanhar em julho. Na economia mundial e brasileira, a mudança da matriz energética global em direção à maior utilização de fontes renováveis tem sido pauta de discussões em fóruns do mundo todo. Um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) revelou que a substituição do carvão por fontes renováveis pode gerar um rendimento líquido global de US$ 78 trilhões até o final do século, reforçando que o custo não deve ser um entrave para a transição. A publicação do FMI vem em um momento em que estamos vivenciando retrocessos na matriz energética global em consequência da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,47%, ou 0,59 p.p. menor do que a taxa que havia sido registrada em abril (1,06%). Com isto, o indicador acumula alta de 4,78% em 2022, e de 11,73% nos últimos 12 meses. Entre os produtos analisados, que são nove, oito tiveram alta; a única exceção foi o grupo Habitação, que registrou queda mensal de 1,7%. Já a maior variação foi registrada com Vestuário, que cresceu 2,11%. Transportes, e Alimentos e Bebidas também apresentam alta, apesar de desacelerarem este mês, com 1,34% e 0,48%, respectivamente. Em abril, estes dois grupos haviam registrado 1,91% e 2,06%, respectivamente.

Em parcial divulgada no último dia 6 de junho (por conta da greve dos servidores que ainda persiste, e que tem inviabilizado a publicação do Boletim Focus), o Banco Central divulgou suas estimativas para a economia brasileira, de acordo com as expectativas de mercado, em: IPCA deve ficar em 8,89% em 2022 e 4,39% em 2023; o PIB deve crescer 1,20% ao final deste ano e 0,76% no término de 2023; a taxa Selic foi estimada em 13,25% em 2022 e em 9,75% no próximo ano; e, por fim, o câmbio deve ficar em R$ 5,05 neste ano e no próximo.

No agro mundial e brasileiro, pelo segundo mês consecutivo, o índice de preços de alimentos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) registrou queda em maio de 0,6%, fechando em 157,4 pontos (era 158,5 em abril). Ainda assim, o indicador segue 22,8% maior do que o que fora registrado no mesmo mês do ano passado. Entre os produtos que lideraram a redução mensal estão os óleos vegetais e os laticínios. Do outro lado, os preços de cereais cresceram 2,2%, registrando 173,4 pontos, 29,7% a mais do que maio de 2021. Outro grupo que cresceu foi o das carnes, que ficou em 122 pontos em maio, 0,5% maior que abril e recorde histórico. Já o trigo registrou a quarta alta mensal consecutiva, de 5,6% de abril para maio e 56,2% na comparação com maio passado.

No campo, segundo estimativa de junho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção brasileira de grãos do ciclo 2021/22 deve totalizar recorde de 271,3 milhões de toneladas, volume 6,2% superior ao obtido na safra passada e 0,4% maior que a previsão do mês anterior (+1,1 milhões de toneladas). Houve reajuste nos volumes da soja entre as últimas duas previsões (+0,4%), agora avaliada em 124,3 milhões de toneladas, o que representa queda de 10,1% frente a 2020/21. O milho também apresentou acréscimo nesta estimativa (+0,6%), com oferta total de 115,2 milhões de toneladas, 32,3% frente ao ciclo anterior. Desse montante, o cereal de primeira safra deve entregar 24,8 milhões de toneladas (+0,3%), a safrinha, 88,0 milhões de toneladas (+44,9%) e a terceira safra, 2,4 milhões de toneladas (+47,2%).

A expectativa também é positiva para as culturas de inverno, que devem aumentar 7,7% em produção frente ao ciclo anterior, atingindo 10,1 milhões de toneladas, com o trigo responsável por 83% desse volume (8,35 milhões de toneladas). Por fim, no algodão os volumes se mantiveram praticamente estáveis, com ligeira queda de 0,2%, mas espera-se uma produção de 2,8 milhões de toneladas de pluma, 19,3% superior ao que foi alcançado em 2021/22.

Na cadeia da laranja, no final de maio, ocorreu um dos mais importantes eventos em nível global: a divulgação da primeira Pesquisa de Estimativa de Safra (PES) do parque citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste de Minas Gerais, maior região produtora de citrus no mundo. O relatório, que é elaborado pelo Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) em parceria com a Markestrat Group, FCAV/Unesp e FEA-RP/USP, apontou que devem ser colhidas 316,95 milhões de caixas (40,8 kg) em 2022/23, 20,5% maior do que a safra passada. Entre os principais fatores que contribuíram para a previsão de alta estão:

(1) as chuvas bem distribuídas no período de outubro do ano passado até maio deste ano (média de 923 mm);
(2) as temperaturas mais amenas após o florescimento; e
(3) uma maior carga de frutos nas plantas, que está 4,5% superior ao do último ciclo.

Mesmo com a projeção de crescimento em 1/5 na colheita de laranja, vale destacar que a estimativa ficou apenas 1% acima da média dos últimos 10 anos. Como os estoques de suco estão baixos e podemos ter adversidades climáticas ainda, o cenário de preços em reais segue bom, compensando a grande alta dos custos de produção.

No cenário global, o relatório de junho do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), acerca da safra de grãos 2022/23 (que ainda será plantada no Brasil), indica uma produção de milho em 1,186 bilhão de toneladas, 5 milhões a mais do que na primeira previsão (maio), porém ainda 2,5% menor do que a oferta de 2021/22 (1,21 bilhão de toneladas). O comparativo de produção entre a safra 2022/23 e a anterior, nos principais países produtores, nos mostra o seguinte: nos EUA, a produção deve ficar em 367,3 milhões de toneladas (-4,3%); na China, em 271,0 milhões de toneladas (-0,5%); no Brasil serão 126 milhões de toneladas (+8,6%); na União Europeia a produção deve ser de 68,3 milhões de toneladas (-3,1%); e fechando o top 5, na Argentina, a oferta será de 55 milhões de toneladas (+3,8%). Na Ucrânia, fortemente afetada pela guerra contra a Rússia, o USDA estima uma oferta do cereal em 25 milhões de toneladas, acima dos 19,5 milhões de toneladas estimados no mês passado, mas ainda bem abaixo dos 42,2 produzidos em 2021/22. Já os estoques globais de milho devem ficar em torno de 310,5 milhões de toneladas, praticamente o mesmo volume de 2021/22; no mês passado o órgão havia estimado 305,1 milhões de toneladas.

Na soja, o USDA também ampliou a previsão da oferta global de 22/23, em junho, agora estimada em 395,4 milhões de toneladas (era 394,7 no mês passado). Com isso, a produção da leguminosa deve ser 12,4% maior do que em 2021/22. Os valores para os cinco principais países produtores foram mantidos, conforme estimativa de maio, em: Brasil com 149,0 milhões de toneladas (+18,3%); Estados Unidos em 126,3 milhões de toneladas (+4,6%); Argentina com 51 milhões de toneladas (+17,5%); China produzindo 17,5 milhões de toneladas (+6,7%); e Índia com oferta em 11,5 milhões de toneladas (-3,4%). Os estoques globais de soja foram ampliados de 99,6 (maio) para 100,5 milhões de toneladas (junho), volume que é 16,7% superior ao de 2021/22 (86,1 milhões de toneladas).

Boas as notícias para os grãos, que seguem com alta nas estimativas para a oferta global em 2022/23. Vamos torcer para que as condições ajudem e estes números sejam mantidos. É necessário ampliar a oferta de alguns produtos para garantir o abastecimento e controlar os altos preços que aí estão.

E por falar no ciclo 2022/23, nos Estados Unidos, os produtores já recuperaram o ritmo nas operações de plantio a fim de tentar compensar o atraso ocorrido neste início de safra (nós mostramos aqui nos meses anteriores). Até o dia 5 de junho, a previsão era de que 94% das áreas de milho haviam sido plantadas, contra 98% há um ano e 92% na média das últimas cinco safras. Para as lavouras do cereal já em desenvolvimento, o USDA estima que 12% se encontram em condições excelentes e 61% em boas.

Na soja, o plantio alcançou 78% das áreas até 5 de junho, contra 89% de progresso na mesma data de 2021 e 79% na média das últimas cinco safras. Entre as lavouras semeadas, 56% já emergiram (eram 74% há um ano e 59% na média dos últimos cinco). Por fim, no algodão, 84% dos campos já foram plantados; eram 70% em 5 de junho de 2021 e 76% na média. Já em relação ao desenvolvimento, 5% das lavouras estavam com condições excelentes, 43% em condições boas e 37% em condições medianas.

Em âmbito comercial, as exportações do agro brasileiro registraram novo recorde nas receitas em maio: foram US$ 15,10 bilhões, 14,2% maior que o mesmo mês do ano passado e a maior receita já registrada. O desempenho é resultado da elevação nos preços dos produtos em 32,2%, já que o volume embarcado foi 13,6% menor (total de 40,57 milhões de t). Entre os produtos mais exportados estão: na liderança, o complexo soja com US$ 8,15 bilhões, 6,2% superior a maio de 2021; na segunda posição estão as carnes, que registraram receitas 34,3% maiores, em US$ 2,23 bilhões, sendo que a carne bovina exportou US$ 1,08 bilhão (+49,7%), a de frango US$ 888,0 milhões (+38,3%) e a suína US$ 201 milhões (-20,1%); em terceiro ficou a categoria de produtos florestais, com US$ 1,57 bilhão, 23,4% a mais que maio passado; na sequência aparece o complexo sucroalcooleiro com US$ 658 milhões, queda de 22,3%, resultado da redução de 26,1% nos embarques de açúcar; e fechando o top 5, temos o café, que vendeu US$ 637 milhões, ou 34,2% a mais do que o mesmo mês de 2021.

Do lado das importações, o agronegócio brasileiro dispendeu US$ 2,43 bilhões em compras, 30,6% a mais que no ano passado. Ainda assim, o saldo positivo na balança comercial do setor foi maior, em 11,5%, fechando em US$ 12,68 bilhões. No acumulado de 2022, já exportamos US$ 68,62 bilhões, 29,0% a mais; são quase US$ 20 bilhões acima do que registramos no mesmo período do ano passado!

Na China, o volume importado de soja brasileira voltou a crescer em maio: foram 9,7 milhões de t, quase 20% maior do que havia sido registrado em abril, mas praticamente o mesmo volume de maio do ano passado (9,6 milhões de toneladas). A alta, que não era esperada em vista da baixa disponibilidade do grão em período de entressafra, é explicada pelo atraso na chegada/descarregamento de alguns navios no país asiático, efeitos do lockdown nos portos chineses em razão dos casos de covid-19 no país.

Outra boa notícia é que Brasil e China concluíram um acordo para início das exportações de milho e amendoim para o país asiático. A informação foi divulgada pelos Ministérios da Agricultura e de Relações Exteriores. Além do acordo firmado, os países ainda estão discutindo a possibilidade de vendas brasileiras de farelo de soja, proteína concentrada de soja, polpa cítrica e soro fetal bovino.

E em 2022, os embarques de trigo brasileiro já superaram todo o volume exportado do cereal no ano passado; entre janeiro e maio, foram 2,47 milhões de t (+2,9%). Diante desse cenário, o Brasil deve vir a comprar mais trigo este ano, já que importa grande parte do que consome (6,2 milhões de toneladas em 2021), para uma indústria que demanda 12,5 milhões de toneladas.

Falando ainda em exportações, outro fato que marcou o mês foi a expectativa do governo russo em permitir o escoamento dos grãos ucranianos pelos portos do país via Mar Negro, o que agitou bastante mercados, principalmente o de milho, sendo este um dos grandes fatores baixistas e que ajuda a explicar o comportamento dos preços do cereal nas últimas semanas.

E no final do mês de junho, o Mapa (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento) divulgou suas novas projeções para a produção agropecuária no Brasil nos próximos 10 anos, até 2031/32. No cultivo de grãos a área deve saltar dos atuais 73,4 para 87,7 milhões de hectares (+19,5%), e a produção de 270,2 para 338,9 milhões de toneladas (+25,4%); estamos falando em 68,7 milhões de toneladas a mais ou quase 7 milhões de toneladas adicionais por ano. Entre as culturas agrícolas, as que registrarão maior aumento na produção serão o algodão em pluma (+36,0%), a soja (+32,3%), o sorgo (+32,2%), o trigo (+26,3%) e o milho (+16,5%). Já nas cadeias da pecuária, os maiores aumentos serão na carne de frango (+27,8%), na carne suína (+24,2%), no leite (+19,8%), em ovos (+19,2%) e na carne bovina (+16,2%). E falando na pecuária, a produção total de carnes deve saltar dos atuais 28,6 para 35,4 milhões de toneladas. Ótimas oportunidades abertas ao Brasil, mesmo com todos os desafios enfrentados atualmente!

Já o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) foi estimado pelo Mapa em R$ 1,243 trilhão para 2022, conforme atualização de junho. Esse valor é 2,4% superior àquele alcançado no ano anterior e ligeiramente maior que a previsão de maio (R$ 1,236 trilhão). O faturamento das lavouras deve alcançar R$ 880,37 bilhões (+6,56%), com crescimento expressivo para algodão (+45,0%), café (+37,8%), cana-de-açúcar (+28,1%) e milho (+20,0%). Já na pecuária, espera-se queda generalizada para as carnes, de 6,4%, chegando a R$ 362,64 bilhões (-6,4%).

No 1° trimestre de 2022 (janeiro a março) a população ocupada no agronegócio totalizou 18,74 milhões de pessoas, crescimento de 6,2% em relação ao mesmo período do ano passado; ou 1,09 milhão de pessoas a mais. Com isto, este trimestre foi o que teve maior número de pessoas trabalhando no agro desde 2016. Os dados foram divulgados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que o Brasil está entre os países que mais reduzem o impacto do agronegócio no meio ambiente. Segundo o relatório, o nosso país é o 1° no indicador “poupa-florestas”, e fica apenas atrás da Argentina no que tange a capacidade produtiva da agricultura por unidade de emissão de GEEs (Gases de Efeito Estufa). Entre os países analisados estavam o Brasil e outros sete grandes agroexportadores: Argentina, Canadá, China, França, Alemanha, Índia e Estados Unidos.

Entre janeiro e maio de 2022, o agronegócio brasileiro movimentou R$ 10,7 bilhões em fretes, 27,4% maior que o mesmo período do ano passado; é o que aponta relatório da Fretebras. Com isso, o setor respondeu por 36,0% do total de fretes movimentados (R$ 29,7 bilhões), liderando a classificação por setor. Na segunda posição ficou a indústria com R$ 8,2 bilhões e a construção com R$ 4,5 bilhões. Entre os produtos mais transportados pelo agro, os fertilizantes lideram com 25% do total (e 19% a mais no comparativo anual), seguido de soja, milho e trigo.

Segundo o Mapa, as contratações de crédito rural na safra 2021/22 (de julho de 2021 a maio de 2022) chegaram a R$ 252,46 bilhões, alta de 18% e superando o valor disponibilizado quando do anúncio do Plano Safra atual (era de R$ 251,2 bilhões). Os financiamentos de custeio, no âmbito do Pronaf, cresceram 41% e dos créditos de comercialização, 43%.

Também neste mês de junho, mais uma vez o clima frio voltou a preocupar os nossos agricultores, especialmente os da região Sul e MS, e com destaque para as lavouras de milho, cana, café e citros. Até o momento não foram registradas grandes perdas (felizmente) mas vamos seguir acompanhando.

Foi aprovado no Brasil o uso comercial do primeiro milho geneticamente modificado para resistência a insetos, desenvolvido totalmente em nosso país. A tecnologia EH913, fruto da parceria entre Embrapa Milho e Sorgo e Helix (empresa do grupo Agroceres), ainda não tem data de início da comercialização, embora este processo já tenha se iniciado em outros países. A tecnologia utiliza um gene específico de Bt (Bacillus thuringiensis) para controle de lepidópteras, especialmente da lagarta-do-cartucho (Spodopeta frugiperda) e da broca-da-cana (Diatraea saccharalis).

No setor de insumos, a alta de preços nos fertilizantes aconteceu mesmo com o aumento da oferta interna desses produtos. Em março, foram 2,9 milhões de t entregues pela indústria aos agricultores brasileiros, 13,7% a mais do que o mesmo mês de 2021. O volume também é 16% maior que o mês anterior, fevereiro. O comportamento é explicado principalmente pelo ritmo acelerado de compra dos produtores, já pensando na safra 2022/23, em vista de preocupações com o abastecimento destes insumos e as incertezas trazidas pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Os dados são da ANDA, a Associação Nacional da Difusão de Adubos. Mas já começaram a ceder.

E nosso agro não deixa de nos surpreender! A Netafim, empresa especializada em sistemas de irrigação, está investindo forte em seu novo produto/solução: é o Netafim Services. Trata-se de um modelo inovador no setor, no qual o agricultor pode assinar um plano de serviço, com pagamento mensal, para ter acesso a técnicos, infraestrutura, equipamentos, instalação e gestão de sistema de irrigação, sem que seja necessário investimentos adicionais.

E concluindo a seção de análise do agro, listamos os preços de produtos na data de fechamento da nossa coluna: a soja para entrega em cooperativa de SP ficou em R$ 190,40/saca em junho/22, R$ 193,00/saca para julho/22 e R$ 175,90/saca para março/23; o milho fechou em R$ 88,60/saca para julho/22 e R$ 90,50/saca com entrega prevista em setembro/22; no algodão (Cepea/Esalq), a cotação era de R$ 257,82/arroba; e no boi gordo (Cepea/Esalq), a arroba ficou cotada em R$ 311,05.

Os cinco fatos do agro para acompanhar em julho são:

1. Clima incidente sobre a segunda safra de milho brasileira. Seguimos otimistas com o desempenho das lavouras, mas é preciso acompanhar de perto ainda a situação do PR e MS, onde as culturas se encontram em estágios mais sensíveis à falta de umidade. De acordo com a Conab, 25,5% do milho do País ainda está sob influência do clima.

2. Expectativas para o Plano Safra 2022/23, o volume financeiro que será disponibilizado, bem como os critérios e categorias do plano. Neste momento pré-lançamento, muitas discussões estão acontecendo e algumas perspectivas sendo divulgadas. Observar este cenário é essencial para antecipar ações e elaborar um melhor planejamento para o próximo ciclo. Será preciso muito recurso para atender à demanda mundial nesta grande oportunidade aberta ao Brasil.

3. Desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos. Como vimos, os produtores norte-americanos recuperaram o ritmo de plantio dos últimos cinco anos, mas as lavouras acabaram emergindo mais tarde. Vamos ver como ficam as condições e desenvolvimento até o próximo mês, fator que é decisivo para cálculo da oferta (produção). Mas o fato é que os riscos serão maiores no final da safra.

4. Continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia e as discussões envolvendo a possibilidade de abertura dos portos ucranianos no Mar Negro para exportação de grãos pelo país. Se isto acontecer, a oferta global poderá ser alterada e, com isso, a dinâmica de preços também deve mudar.

5. Por fim, seguir de olho nos aspectos políticos e econômicos do Brasil: as discussões para amenizar os altos preços dos combustíveis, as movimentações políticas em período pré-eleição, as medidas para tentar reduzir a inflação; além de variações do câmbio com a alta de juros nos EUA e perspectiva para PIB, Selic e outros.


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