Um novo retrato da história e dos desafios da FEA-USP

Livro debate como manter a escola com a importância que historicamente teve e responder às demandas da sociedade como universidade pública

 20/05/2022 - Publicado há 2 anos
Foto: Reprodução/FEA-USP

Depois de 40 anos da publicação de História da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (1946-1981), obra organizada pela professora Alice Piffer Canabrava, a diretoria da FEA-USP sentiu que era o momento de registrar novamente a trajetória da instituição.

Fábio Frezatti – Foto: FEA-USP

Aproveitando o aniversário de 75 anos da faculdade, comemorados no ano passado, o diretor Fábio Frezatti e o vice-diretor José Afonso Mazzon encomendaram ao professor de História Econômica, Alexandre Macchione Saes, um novo livro que retratasse o período de 1981 a 2021. Assim nasceu FEAUSP 75 Anos – A História da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo nos anos 1981-2021, lançado no último dia 18 de maio, com a presença da vice-reitora da USP, Maria Arminda do Nascimento Arruda.

José Afonso Mazzon – Foto: FEA-USP

“Se a obra original oferecia um relevante retrato da formação e consolidação da FEA, essa nova obra descortina a Faculdade construída a partir dos anos 1980, marcada pelo ambiente da redemocratização, da conquista da autonomia universitária, como também das novas demandas acadêmicas e das novas configurações e exigências da sociedade das últimas quatro décadas”, destaca o prefácio assinado pelos dirigentes da instituição, os professores Frezzatti e Mazzon.

Ao traçarem uma “visão de conjunto” da história da FEA, no início da obra, os autores, Alexandre Macchione Saes e Flávio de Azevedo Marques de Saes, explicam que a escolha do ano de 1981 representa mais do que um simples marco temporal entre um livro, o de Alice Canabrava, e este, recém-lançado, sobre os 75 anos da FEA. Para eles, a fase entre 1946 e 1981 representa o contexto de formação e consolidação da faculdade. Na sua visão, depois de uma década com muitas idas e vindas, inclusive a ameaça de fechamento dos cursos que formavam muito poucos estudantes, entre meados dos anos 1960 e os anos 1970 a FEA se consolidou como uma importante faculdade, registrando incrível expansão do número de discentes e de docentes, e constituição dos programas de pós-graduação, das fundações e de áreas de pesquisa com grande destaque na academia e, inclusive, na formação de políticas públicas. Eles lembram os estudos sobre a agricultura do Departamento de Economia, de Inovação do Departamento de Administração e a revolução do ensino e do conhecimento da Contabilidade Societária.

Continuidade e ruptura

O livro, segundo os autores, mostra que o marco dos anos 1980 tem um caráter de continuidade, de maturidade do ambiente de formação das instituições e das áreas de pesquisa da Universidade e tem também um caráter de ruptura, numa mudança geracional. A faculdade, até então conduzida por diretores que eram professores catedráticos formados em outros cursos, passou a ser dirigida por ex-alunos da FEA, formados nos cursos de Economia, Administração e Contabilidade da USP e que tinham se tornado professores na transição para o regime dos departamentos.

Jacques Marcovitch – Foto: Arquivo pessoal

Foi uma nova geração, de professores como Jacques Marcovitch, que também representavam uma mudança de caráter político, de defesa da redemocratização. Esse período foi marcado por grande protagonismo de professores da FEA em diversos órgãos e empresas do governo federal e estadual. Estudos sobre a inflação foram importantes tanto nos índices econômicos da Fipe, como também na correção monetária no campo da contabilidade. Na FEA, essa expansão de protagonismo foi também o momento de expansão física do prédio, da construção do conjunto de prédios que formam hoje a faculdade (a nova biblioteca, o auditório, os prédios dos departamentos de Economia e Contabilidade).

Os autores registram que entre meados dos anos 1990 até os anos 2010 a preocupação dos departamentos mudou. Se a métrica antes era a atuação no debate público, a preocupação voltou-se para as métricas acadêmicas, da pós-graduação. Um projeto coordenado entre os departamentos buscou recuperar o protagonismo da FEA, especialmente atendendo à ideia de produção acadêmica, da internacionalização. A globalização, em si, foi um tema comum entre os cursos também, com estudos sobre a contabilidade internacional, das empresas multinacionais e da economia internacional. Entre 1992 e 2002 a FEA esteve também envolvida na criação da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da USP.

O livro de 616 páginas, editado pela Narrativa Um – Projetos e Pesquisas de História, teve o apoio cultural das fundações FIA, Fipe, Fipecafi e Fundação Fundo Patrimonial FEAUSP.

Diversidade

A última década, para os autores, é marcada por duas mudanças muito visíveis na faculdade. No que diz respeito ao corpo discente, a conquista das cotas o tornou muito mais diverso, oferecendo novas preocupações e temas, tratados pelos alunos por meio das entidades estudantis. Por outro lado, no que diz respeito ao corpo docente, a queda do número de professores tem afetado bastante os cursos. Áreas foram bastante afetadas, a concorrência com outras instituições tem tornado mais difícil manter os novos docentes.

Os autores ressaltam que a obra coloca questões sobre o futuro da faculdade. Como manter uma faculdade com a importância que historicamente teve, como responder às demandas da sociedade, como uma universidade pública.

Pode ser acessado livremente no endereço https://www.fea75anos.fea.usp.br/?wpdmpro=livro-fea-75-anos


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