Educação superior precisa de cooperação internacional mais inclusiva, de acordo com especialistas

Ideia foi debatida durante a Conferência Faubai 2024 que ocorreu de 21 a 24 de abril em São Paulo e contou com a participação de representantes da área educacional de 25 países

 Publicado: 26/04/2024     Atualizado: 29/04/2024 as 8:25
José Celso Freire Junior, presidente da Faubai, na abertura do evento – Foto: Divulgação/Faubai

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Um convite para incluir novas vozes e novos olhares e construir uma internacionalização da educação superior inclusiva, plural, equitativa e sustentável traduzida em ações concretas. Foi com essa ideia que mais de 700 participantes de 25 países se reuniram nesta semana, de 21 a 24 de abril, na Conferência Faubai 2024, evento que teve oito workshops, quatro grandes plenárias e mais de 140 apresentações de trabalho. A concepção geral foi de ampliação das relações institucionais e acadêmicas como elemento de excelência e a necessidade da internacionalização da educação superior ser reimaginada, em um perspectiva mais inclusiva.

Os quatro dias de conferência, realizada na capital paulista pela Associação Brasileira de Educação Internacional (Faubai), no Centro de Convenções Rebouças, tiveram como tema geral Convite Para Uma Nova Jornada, buscando instigar seus participantes a entender a cooperação internacional a partir de novas óticas. “Do papel das universidades em estabelecer pontes à integração de abordagens críticas, antirracistas e contra-hegemônicas, buscando alternativas para enfrentar os desafios da construção de parcerias horizontais, pudemos vislumbrar caminhos para a melhoria da qualidade e o aumento da relevância da educação superior no Brasil e no mundo”, destacou José Celso Freire Junior, presidente da Faubai e assessor-chefe de relações externas da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

A ideia de construir pontes guiou a palestra de abertura do evento quando o professor Eugênio Bucci, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, citou a Antígona de Sófocles: “Em mim só manda um rei, o que constrói pontes e destrói muralhas”. Para ele, esse deveria ser o papel das universidades e da sua internacionalização, especialmente no momento atual, em que pontes estão sendo derrubadas e muralhas construídas. 

Ainda na abertura, Rui Oppermann, diretor de Relações Internacionais da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ressaltou a importância da parceria com a Faubai em discussões e iniciativas de internacionalização da educação superior do Brasil. 

Perspectiva decolonial na internacionalização

Um dos destaques do evento foi a plenária com Samia Chasi, diretora de Iniciativas Estratégicas, Parcerias e Pesquisa da Associação de Educação Internacional da África do Sul (Ieasa) que abordou o tema Reimaginando a Internacionalização a Partir do Sul Global. “Podemos e devemos ser mais críticos. Precisamos redefinir a internacionalização da educação superior sob uma perspectiva decolonial. A internacionalização da educação superior é um convite para reimaginar o mundo a partir do sul global, repensar conceitos e práticas”, disse Samia. 

Samia Chasi, da África do Sul, falou sobre a decolonização da internacionalização – Foto: Divulgação/Faubai

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Ela falou sobre conceitos eurocêntricos de internacionalização e do papel da universidade como espaço apropriado para para inclusão e novas definições de futuro. Para Samia, as contribuições do norte global devem ser consideradas, mas é preciso promover a pluralidade e considerar identidades locais e outras formas de conhecer e pensar. 

Outra plenária, com o tema Cooperação Sul-Sul-Norte, a presidente da Capes, Denise Pires de Carvalho, destacou a necessidade de o Brasil ter uma política nacional de internacionalização da educação superior. Ressaltou também o papel desempenhado pela Capes no financiamento e no incentivo da cooperação e da mobilidade internacional, além da importância da Faubai nesse processo realizado pelas instituições brasileiras.

A importância de políticas públicas para a educação superior ainda foi assunto para Ana Lúcia Pereira, diretora de Políticas e Programas de Educação Superior da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (Sesu-MEC), que reforçou o interesse do Brasil no diálogo sobre internacionalização com reciprocidade e parcerias.

Também participaram como palestrantes os secretários-gerais da Associação Internacional de Universidades (IAU), da Associação de Universidades de Língua Portuguesa (AULP) e da Associação de Universidades Africanas (AAU), respectivamente, Hilligje van’t Land, Cristina Montalvão Sarmento e Olusola Oyewole, além de Nicolas Patrici, diretor de desenvolvimento estratégico da Obreal Global.

Público presente na edição deste ano do evento no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo – Foto: Divulgação/Faubai

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Construção da internacionalização

Esta foi a 35ª edição do evento da Faubai, entidade criada em 1988 que reúne gestores e responsáveis de assuntos internacionais de mais de 200 instituições de ensino superior brasileiras. O objetivo é promover a integração e a capacitação dos gestores, seminários, workshops, reuniões regionais, nacionais e internacionais, além da conferência anual. 

Renée Zicman, diretora executiva da Faubai, destaca “a contribuição do evento para a concepção e a construção de uma internacionalização da educação superior mais inclusiva e plural, com formas menos desiguais de cooperação e com um olhar crítico, convidando-nos a repensar conceitos e práticas e a agir de forma diferente”.

A Faubai também divulga as instituições de ensino superior brasileiras, no País e no exterior, junto a outras entidades, agências, representações diplomáticas, organismos e programas internacionais.

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Com informações da Diretoria Executiva da Faubai


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