Pesquisa estuda comportamento e escolhas pessoais relacionados a meios de transporte

Lucas Melo desenvolve pesquisa que visa a ser base de dados para formulação de políticas públicas eficazes em mobilidade urbana e transportes públicos

 Publicado: 16/04/2024
A observação dos hábitos e suas mudanças são ferramentas imprescindíveis para a formulação de políticas públicas efetivas – Foto: Mariana Gil/Embarq Brasil via Flickr – CC
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Pesquisa premiada como a melhor tese em desenvolvimento na área de transporte pela Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes (Anpet), em 2023, busca entender os fatores que afetam os processos de mudança de comportamento em relação à adoção de diferentes modos de transporte nas viagens por motivo de trabalho e estudo e contribui com o desenvolvimento de políticas públicas específicas a cada um desses segmentos da população, abordando de forma mais efetiva as suas necessidades para adoção de modos mais sustentáveis. A pesquisa foi desenvolvida por Lucas Melo, que é aluno de doutorado da Escola Politécnica (Poli) da Universidade São Paulo e orientada pelo professor Cassiano Isler do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica. 

Objetivos e métodos 

Lucas Eduardo Araújo de Melo – Foto: Sites USP

Os pesquisadores explicam que a pesquisa quer descobrir quais são os fatores que estão associados às atitudes e aos valores das pessoas quando  escolhem os modais que preferem. “Então, seria o que está por trás da percepção do indivíduo, né? O que motiva as pessoas a realizarem essas escolhas. Além disso, estamos interessados nas transformações que ocorrem nessas atitudes ao longo do tempo. Na mudança de valores das pessoas e de suas atitudes ao longo do tempo, que terminam por afetar as escolhas de modais”, esclarecem.

A pesquisa apresenta algumas peculiaridades que visam a auxiliar na eficiência do projeto. “Nossa pesquisa pretende coletar dados de ao menos dois momentos com o mesmo público. Um deles é agora e outro é daqui a um ano, entrevistando as mesmas pessoas. Isso nos ajudará a saber como é que elas mudaram suas percepções e suas atitudes no modo de locomoção”, explica o autor da pesquisa. 

Lucas Melo também explica que é necessário captar as mudanças de vida dos entrevistados. Fatores como variação de renda, mudança de residência ou local de trabalho, filhos e afins são importantes para entender melhor as decisões das pessoas. “Outra coisa interessante é que estamos trazendo novas teorias que normalmente são utilizadas na psicologia para tratar desses aspectos de mudança de comportamento”, indica. Conforme afirma o entrevistado, o primeiro modelo é o transteórico de mudança de comportamento. Ele indica que uma pessoa só adota um comportamento novo após passar por cinco estágios de mudança, desde o desconhecimento até a formação de um hábito.

 A segunda é chamada teoria da dissonância cognitiva. O doutorando afirma que essa teoria diz o seguinte: as pessoas tendem a ser consistentes consigo mesmas. Em poucas palavras, elas fazem o que gostam ou gostam do que fazem. Então, quando suas atitudes e o seu comportamento são dissonantes dessas situações, é possível que surja uma tensão interna entre o que a pessoa faz e o que ela gosta. Essa tensão vai fazer com que ela se movimente no sentido de modificar seu comportamento. “Combinando essas teorias, queremos avaliar como essa tensão influencia as pessoas dentro de cada segmento”, elabora. 

Formulação de políticas públicas 

Cassiano Isler – Foto: Researchgate

O professor Cassiano Isler indica que a observação dos hábitos e suas mudanças são ferramentas imprescindíveis para a formulação de políticas públicas efetivas. “Esses dados são a base para formular políticas efetivas voltadas para indivíduos específicos. Se soubermos que a maior parcela da população está em um estágio de descoberta do uso de um modo de transporte, podemos usar estratégias específicas.

Como um exemplo, o professor falou sobre um método chamado de soft policy, que são estratégias de incentivo às pessoas a conhecerem um determinado serviço e reduzir o tempo necessário para adquirirem o hábito. “A ideia é a formulação de políticas públicas voltadas para o indivíduo criar algum hábito. Ao passar a conhecer uma alternativa de um modo de transporte e simultaneamente reduzir esse desconforto da transição, estamos reduzindo um desconforto psicológico na tensão entre atitude e a escolha de fato. Então, a nossa perspectiva é que os resultados da pesquisa do Lucas Melo contribuam justamente para a formulação de políticas públicas visando ao bem-estar geral da população” , finaliza. 

Para participar da pesquisa, acesse o link: https://bit.ly/doutorado-usp-mobilidade


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