Quando se pensa na questão da criminalidade que vai ocorrendo nas diversas regiões do Brasil – e algumas têm se destacado, como os casos ocorridos no Rio de Janeiro -, temos que pensar em alguns elementos que têm relação com a inibição do crime, que têm a ver com policiamento na rua, policiais para inibição, a questão da investigação e todo o aparato institucional para que essa investigação ocorra e as penalidades. Aumentar o custo para quem comete o crime tanto em termos de aumentar a probabilidade quanto da punição.
Mas não é só punição das pessoas que podem estar cometendo crime na sociedade civil, mas também os próprios órgãos ou instituições que deveriam estar combatendo a criminalidade […] a questão dos corruptos, tanto os que estão nessas instituições quanto os políticos, outros servidores que estão em outras instituições, tudo isso está entrelaçado, é uma questão muito complicada e tem toda a questão de você dar mais oportunidades, então a criminalidade também tem a ver com a má distribuição de renda e a pobreza. Não adianta só prender, no Brasil muitas vezes a pessoa que vai para a cadeia acaba estando em um ambiente que torna ela mais ainda associada a grupos que estão envolvidos em criminalidade. A questão é difícil, é uma questão que tem que ser enfrentada e o combate à corrupção está relacionado à questão da criminalidade de uma forma geral que acontece no Brasil e da violência. A gente tem que ter consciência disso.
Acho que todas as leis que aumentem a probabilidade de a pessoa ser pega, como a delação premiada – que tem sido muito combatida como a Lava Jato, que foi uma coisa muito positiva que aconteceu no Brasil, apesar de alguns procedimentos que não foram feitos da forma correta -, são fundamentais para reduzir a corrupção e reduzindo em cima e nas corporações, nas instituições que deveriam servir para reduzir a criminalidade, isso tem que ser feito, tem que ser fortalecido, as leis têm que ser alteradas para favorecer a probabilidade das pessoas serem pegas e a pena tem que ser rigorosa tanto em termos monetários quanto em termos de tempo de cadeia. Além disso, é preciso reduzir a pobreza no Brasil. Isso é fundamental!!!
Reduzir a pobreza, dar mais oportunidade, aumentar o capital emocional e o capital humano, melhorar as escolas, melhorar os ambientes familiares, tirar essas famílias da pobreza, que já melhora o ambiente familiar, e políticas ativas dentro das famílias para que se melhore o ambiente familiar, para que se cuide melhor das nossas crianças e escolas melhores para dar oportunidade de trabalho. E, quando as pessoas têm oportunidade de trabalho, a tendência de ir para a criminalidade é menor, mas isso é uma questão não só das pessoas que resolvem, mas de todas as instituições que estão envolvidas nessa situação […] então, tem que ser uma política muito ampla e com muito esforço e muita vontade política para a gente começar a reduzir a criminalidade no Brasil de uma forma sustentável.
Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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