Mudança na relação pais e filhos não necessariamente foi provocada pela tecnologia

Leila Tardivo explica que os jovens sabem muito mais de tecnologia, mas não sabem da vida

 17/07/2023 - Publicado há 9 meses
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– Foto: Wayan Vota/Flickr-CC
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O chamado conflito de gerações não é algo  atual, sempre existiu e quando o assunto se refere a pais e filhos. A impressão que se tem é de ter  aumentado nos últimos tempos, principalmente em função do mundo digital.  Como os jovens, e até crianças, dominam o assunto – celulares, streamings , aplicativos, controles de TV,  jogos, entre outros -, existe uma espécie de “domínio”  desses jovens sobre os pais. É como se os adultos perdessem a autoridade sobre os filhos.  Mas será que é isso mesmo?  ou é apenas uma impressão ? 

Leila Salomão Cury Tardivo – Foto: Sites USP

Desencontro familiar

A psicóloga Leila  Cury Tardivo, do Instituto de Psicologia da USP , especialista em atendimento de crianças e adolescentes diz que “a mudança na relação pais e filhos não necessariamente foi provocada pela tecnologia, mas por esse desencontro, por esse descompasso”.  O desafio na educação dos filhos começa dentro de casa e não na escola, como muitos pais acreditam. ” Muitos pais ficam nas suas próprias redes sociais e não conseguem ter com os filhos dialogo, afirma a especialista.  Não se deve deixar jovens sozinhos trancados em um quarto sem que ocorra uma interação com adultos. 

Entre as características dessa nova geração estão: o imediatismo, o individualismo,  estão sempre on-line,  carregam o mundo na palma da mão, são sustentados e têm muita dificuldade em se expressar em situações sociais.  Apesar dessa mudança de comportamento, os pais ainda são a autoridade para esses jovens, porém sem a tirania de outros tempos. Segundo a psicóloga “os jovens sabem muito mais de tecnologia, mas não sabem da vida, por isso é importante perceber que  esse jovem pode não estar bem com tantas horas nas redes sociais”, avalia. 

Limites

Esse poder que os filhos exercem sobre os pais sempre existiu, independentemente das redes sociais e do uso da tecnologia. É importante os pais explicarem a diferença entre desejo e necessidade, ou seja,  é preciso existir limite e mais do que isso saber ouvir não. É fato que os jovens entendem melhor esse mundo digital que os pais e essa é uma troca que precisa ser feita. Pais dividem experiências de vida e filhos o conhecimento das novas tecnologias. O diálogo é fundamental nas relações. O adulto precisa exercer o papel de pai ou mãe e não de amigo, “entender o momento por que os filhos passam e estar junto deles como pais. Eles precisam muitas vezes de uma palavra, um conselho  ou um conforto. Que a gente não permita que a tecnologia interfira nas relações humanas. As relações dentro da família são fundamentais”, reforça Leila. 

Comunicação

Sem dúvida a fase da adolescência é a fase mais complicada do crescimento, quando a rebeldia faz parte do amadurecimento do jovem, porém tudo deve ter limites. Os pais devem manter um canal de comunicação aberto antes dessa fase chegar e lembrar que negar também é amar. É muito importante no ambiente familiar que existam valores e princípios para que exista união entre gerações tão diferentes. 


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