Má alimentação pode ser uma das principais causas do câncer colorretal

Em plena campanha Março Azul-Marinho, Ulysses Ribeiro Júnior adverte que a ausência de hábitos saudáveis, como uma dieta pobre em fibras, pode levar ao desenvolvimento do tumor

 06/03/2024 - Publicado há 2 meses
O câncer colorretal é um tumor que cresce no intestino grosso, no colo, no reto e no ânus  Foto: 123RF
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A campanha Março Azul-Marinho alerta sobre o câncer colorretal, tumor comum a partir dos 50 anos, mas que, segundo estudos, está sendo observado cada vez mais na população jovem. O professor Ulysses Ribeiro Júnior, de Cirurgia do Aparelho Digestivo e Coloproctologia da Faculdade de Medicina da USP e coordenador da Oncologia Cirúrgica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), explica as causas da enfermidade e quais são os métodos de prevenção.

Tumor

Segundo o especialista, o câncer colorretal é um tumor que cresce no intestino grosso, no colo, no reto e no ânus e, em 80% das vezes, ele depende dos hábitos de vida e das condições socioeconômicas e culturais dos pacientes. Ele afirma que a prevenção primária da doença precisa passar pela redução da obesidade, prática de exercícios físicos, uma dieta com vegetais e frutas frescas, diminuindo gorduras animais, principalmente presentes em carnes vermelhas.

Além da prevenção a partir de hábitos saudáveis, o professor conta que existe também a prevenção secundária, realizada através do exame endoscópico chamado colonoscopia. Esse método consegue identificar os pólipos, que são pequenas verrugas dentro do intestino, as quais podem evoluir para se transformar em um tumor.

“Esses pólipos vão crescendo e, quando são pequenos, são passíveis de ressecção endoscópica para retirada pela colonoscopia. Com isso, se diminui a chance de evoluir para um tumor infiltrativo, então, as vezes, a própria colonoscopia já é o tratamento de um câncer inicial”, explica.

Idade

De acordo com o especialista, os pacientes com mais de 50 anos são os que mais estão sujeitos a desenvolver a doença, mas, nos últimos anos, ela também está se tornando comum entre o público mais jovem. Ele explica que os sintomas mais comuns da existência de um tumor colorretal nos idosos são a dor abdominal, o sangramento anal e as cólicas.

Ulysses Ribeiro Júnior – Foto: Sites USP

Conforme o docente, quando o tumor é diagnosticado precocemente, as chances de cura podem chegar a até 95%. Se o câncer demora para ser identificado, é comum que ele já esteja em fase de metástase e afete outros órgãos internos, como o fígado e o pulmão, por exemplo. Ele conta que os profissionais da saúde focam na estratégia de fazer um rastreamento populacional para identificar os tumores em estado inicial.

“Então, para aquele indivíduo que vai no consultório médico, deve ser indicado, sempre que possível, um teste de sangue e uma colonoscopia, justamente para o diagnóstico ser feito o mais precocemente possível. Sendo feito, a chance de cura e de qualidade de vida do indivíduo crescem muito porque, às vezes, não tem a necessidade de uma radioterapia ou quimioterapia”, esclarece.

Março Azul-Marinho

Para Ulysses Ribeiro Júnior, a criação do Março Azul-Marinho é fundamental para conscientizar a população acerca do câncer colorretal e como levar uma vida mais saudável. Segundo ele, tradicionalmente os brasileiros se alimentam bem, com a dieta composta por arroz, feijão, salada e carne, mas cada vez mais estão deixando os alimentos saudáveis em segundo plano.

O especialista conta que a rotina muda os hábitos da população, que cada vez mais vai construindo uma dieta pobre em fibras e com muita gordura, principalmente com a praticidade oferecida pelos fast foods. Ele afirma que essa é uma das principais causas do aumento de casos de câncer na população, inclusive nas pessoas com menos idade.  “Então a gente realmente tem que alertar e lembrar que, acima de 50 anos, sempre que possível, todo mundo deve conversar com o seu médico e fazer uma prevenção secundária através de, pelo menos, uma pesquisa de sangue oculto nas fezes e, nos casos positivos, fazer uma colonoscopia. Isso salva muitas vidas”, finaliza.


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