Impressão de modelos 3D de coração auxilia no planejamento de estratégias cirúrgicas

Marcelo Jatene explica que a indisponibilidade de recursos trava, muitas vezes, o avanço de tecnologias como essa, que é o novo investimento do Instituto do Coração da USP

 07/03/2024 - Publicado há 2 meses
Da tecnologia consta a realização um exame de imagem, geralmente uma tomografia computadorizada – Imagem: Pixabay
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Impressão de modelos 3D de coração é o novo investimento do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (HCFM) da Universidade de São Paulo (USP). A técnica, que busca realizar diagnósticos e tratamentos de doenças cardíacas, é explicada pelo cardiologista Marcelo Jatene, diretor do Serviço de Cirurgia Cardiovascular Pediátrica do InCor.

Utilização do método

De acordo com o médico, a tecnologia de impressão 3D já está sendo ensaiada em várias especialidades por conta da sua facilidade de análise da estrutura ou órgão antes da realização da cirurgia necessária. “A tecnologia consta de realizar um exame de imagem, geralmente uma tomografia computadorizada, que consegue captar imagens tridimensionais, e depois é feita a reconstrução e a impressão deste órgão que se pretende estudar. A gente tem a possibilidade de utilizar diferentes materiais e de explorar essa peça de diferentes maneiras; é como se a gente tivesse o coração que a gente vai operar na mão antes da cirurgia”, explica Jatene.

Sobre a sua funcionalidade, o especialista afirma que, pelo fato da diferença da análise tridimensional a uma imagem bidimensional, o método pode auxiliar no complemento de exames tradicionais, mas a sua principal importância é no planejamento da estratégia cirúrgica. “Se a gente for pensar pontualmente na informação que ela traz, eu acho que é mais no campo do planejamento cirúrgico e da realização de uma cirurgia. A gente acaba usando, primordialmente, em casos mais complexos, em que a gente usa muito exame de imagem, e ter esse recurso tecnológico a mais ajuda muito no planejamento”, complementa.

Perspectiva futura

Marcelo Jatene – Foto Reprodução Facebook

Jatene explica que um aspecto importante para o futuro do tratamento é o acompanhamento, por parte de instituições formadoras de profissionais da saúde — o doutor ainda exemplifica com a própria USP, o HCFM e, especialmente para o caso, o InCor —, desse avanço tecnológico para a formação de profissionais na área. “Dificilmente essa tecnologia consegue ser aplicada de imediato em outros lugares que não a disponham, mas é possível utilizar, em um primeiro momento, a própria máquina impressora usando o InCor como base para essa decisão, para que se tenha o respaldo suficiente para fazer a cirurgia na sua cidade de origem. Isso ainda não foi feito de forma efetiva, mas está dentro do nosso radar a possibilidade de prestar esse tipo de assistência”, comenta.

Para o médico, a indisponibilidade de recursos é um dos principais pontos que impedem um avanço ainda maior da tecnologia. “Mas eu acho que instituições como o InCor ou outros institutos dentro da USP têm que ter o traquejo e a vivência necessária para buscar esses recursos. Nós temos fontes financiadoras no Estado que, através de projetos de pesquisa, podem nos ajudar, e isso mobiliza a sociedade médica e não médica para entender que tecnologias como essa ajudam a salvar vidas, que é o nosso principal objetivo. Então, acho que buscar caminhos para implementar isso na rotina do dia a dia é o nosso desafio diário”, finaliza.


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