A vitória de Lula no segundo turno da eleição presidencial, com seu retorno para um terceiro mandato à frente do governo brasileiro, terá grande impacto para o reposicionamento de nosso País no mundo. É com esse pensamento que o professor Pedro Dallari inicia sua coluna desta semana. Segundo ele, haverá a retomada de uma presença mais ativa do Brasil nos espaços multilaterais de negociação, “com a volta da tradicional postura brasileira de defesa da paz e da cooperação entre os países, dos direitos humanos e da preservação do meio ambiente”. “Embora a posse do novo governo vá se dar apenas em 1º de janeiro do próximo ano, é importante, desde já, que o futuro presidente e aqueles que se encarregarão da política externa anunciem medidas que serão adotadas no âmbito das relações internacionais de nosso País”, afirma o colunista. “Isto porque, até o final deste ano, ocorrerão eventos de alcance global muito importantes e nos quais o Brasil terá participação, porém, ainda representado pelo governo de Bolsonaro. Antecipando o anúncio de medidas com impacto na política externa brasileira, o novo governo permitirá que os outros países do mundo tenham conhecimento das posições que passarão a ser efetivamente defendidas pelo Brasil daqui há pouco menos de dois meses”, acredita Dallari.
Entre os eventos que acontecerão ainda este ano, mencionados pelo colunista, há dois que ocorrerão já neste mês de novembro e que merecem destaque: a Cop 27 e a reunião do G20. “Do dia 6 ao dia 18 de novembro, será realizada no Egito a 27ª sessão da Conferência das Partes do tratado sobre mudança do clima, a COP 27, em que praticamente todos os países do mundo estarão presentes, serão discutidas e definidas ações de combate ao aquecimento global, inclusive por meio da preservação das florestas, com destaque para a floresta amazônica. E, em 15 e 16 de novembro, haverá na Indonésia a reunião do G20, quando os 20 países mais desenvolvidos, entre eles o Brasil, discutirão a adoção de medidas para combater a atual crise econômica global, decorrente, entre outras razões, da absurda guerra iniciada pela Rússia contra a Ucrânia”, esclarece o professor. “Para que não haja qualquer dúvida sobre as posições que serão assumidas a partir de 1º de janeiro, é preciso, então, que o novo governo sinalize logo, com clareza, o engajamento mais responsável que o Brasil terá para a solução desses desafios mundiais. Cabe, também, ressaltar, uma posição firme do Brasil em defesa dos direitos humanos em escala global, até mesmo com a condenação de práticas abusivas das ditaduras latino-americanas: Venezuela, Nicarágua e Cuba”, afirma o colunista. “Por fim, a economia deve merecer especial atenção, com o anúncio de um relacionamento comercial amplo e aberto, dando-se prioridade para os países sul-americanos e para a valorização do Mercosul, na perspectiva da retomada da negociação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Há urgência nesses anúncios, para que o Brasil volte rapidamente a ter presença relevante no cenário internacional”, finaliza Dallari.
Globalização e Cidadania
A coluna Globalização e Cidadania, com o professor Pedro Dallari, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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