O aprendizado na universidade pública deve englobar todos

Por Bruno Sevciuc, assistente acadêmico no Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP

 10/12/2024 - Publicado há 1 mês
Bruno Sevciuc – Foto: Arquivo pessoal
Nos dias 21 e 22 de novembro, servidores técnico-administrativos e docentes do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP participaram de uma viagem didática a São Paulo, visitando marcos culturais e arquitetônicos da cidade, como o Museu de Arte Contemporânea da USP, o Parque do Ibirapuera, o Conjunto Nacional, o Instituto Moreira Salles e o Museu de Arte de São Paulo (Masp). Esta viagem, que nasceu de uma proposta de fomento enviada à Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), é um marco para a USP: a primeira viagem didática voltada exclusivamente para servidores técnico-administrativos.

Ao idealizar esse projeto, a minha intenção foi clara: queria proporcionar uma experiência inédita que unisse o desenvolvimento cultural e profissional dos servidores à valorização do papel que eles desempenham na Universidade. Ao perceber a importância de aproximar nossos funcionários da atividade-fim do instituto, vi nessa viagem uma oportunidade única de reforçar o sentimento de pertencimento e mostrar que o aprendizado na universidade pública deve englobar todos. Sinto uma grande satisfação ao ver que essa iniciativa tomou forma e gerou um impacto tão positivo, valorizando o trabalho de quem muitas vezes está nos bastidores, mas sem o qual a USP não funcionaria.

Para o professor João Marcos de Almeida Lopes, diretor do IAU, a viagem também representa uma oportunidade singular de aproximar os servidores técnico-administrativos da atividade-fim do instituto:

Essa atividade nasce de uma experiência que já é tradicional no Instituto de Arquitetura e Urbanismo. Estamos em uma cidade do interior, a 230 quilômetros de São Paulo, relativamente distante de centros urbanos e do acesso a bens culturais. Agora, ao estendermos essa iniciativa para os servidores técnico-administrativos, damos a eles a chance de compreender melhor os resultados e os objetos da atividade-fim do instituto, algo que muitas vezes passa despercebido na rotina burocrática. É uma oportunidade única de ampliar seu conhecimento e fortalecer a integração com o que acontece na sala de aula.

Essa percepção também foi compartilhada pelos próprios servidores, como o técnico-administrativo Sérgio Carlos Celestini, que destacou a relevância pessoal e profissional da experiência:

Eu queria registrar a minha agradável surpresa pela iniciativa da unidade em promover essa viagem didática para os funcionários. Foi muito gratificante participar e receber uma aula dos professores com quem trabalho diariamente. Me senti importante por estar naquele momento tendo aula com professores da USP em lugares como o Masp, que é um marco no estado de São Paulo. Essa experiência foi enriquecedora e destaco também o companheirismo dos colegas de trabalho. Espero que outras unidades sigam esse exemplo.

A viagem, conduzida pelo próprio diretor do IAU e com aulas ministradas pelos professores Marcelo Suzuki e Paulo Yassuhide Fujioka, ofereceu uma imersão em temas cruciais para a formação cultural dos servidores, proporcionando uma maior compreensão do patrimônio arquitetônico e da urbanização de São Paulo. Para os servidores, foi uma oportunidade de vivenciar de perto o conteúdo acadêmico do instituto, estabelecendo um vínculo mais direto com a atividade-fim da USP.

O que a sociedade ganha com isso? Investir no desenvolvimento humano dos servidores técnico-administrativos é essencial para melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços prestados pela Universidade. Quando os servidores se sentem valorizados e integrados aos objetivos maiores da instituição, seu trabalho reflete diretamente no atendimento ao público e no suporte às atividades de ensino e pesquisa. Um projeto como este, que fortalece o senso de pertencimento e a qualificação profissional, beneficia não apenas a Universidade, mas também a sociedade como um todo, que depende de uma gestão pública eficiente e inclusiva.

Além disso, esse tipo de iniciativa também sinaliza a importância de se reconhecer e valorizar o serviço público. Em tempos de questionamento sobre o papel das instituições públicas, a USP demonstra que a excelência não se constrói apenas com recursos materiais e rankings, mas com o investimento contínuo nas pessoas que fazem a Universidade funcionar. Essa é uma mensagem poderosa que reverbera além dos muros da instituição e contribui para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa.

Em última análise, essa primeira viagem didática para servidores técnico-administrativos não só reforçou o compromisso da USP com a inclusão e pertencimento, mas também abriu caminho para futuras ações que possam continuar valorizando e capacitando os profissionais que sustentam a Universidade. Para mim, é um privilégio ver esse projeto concretizado e saber que ele está deixando um legado que poderá inspirar outras unidades da USP a seguir por esse mesmo caminho, pois dentro da Universidade existem diversas áreas do conhecimento a serem exploradas nessa iniciativa.

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