Livro eletrônico é algo que sempre desperta o interesse de estudiosos, educadores e intelectuais. Por conta disso, a professora Marisa Midori convida a todos para um encontro sobre o tema – que inclui também direitos do autor -, a ser realizado na próxima quinta-feira (4), às 19h, no Instituto Cervantes, encontro no qual ela vai servir como mediadora.
“Há nesse debate, pelo menos do ponto de vista do historiador do livro, um aspecto intrigante. Afinal de contas, a questão da propriedade intelectual foi precedida em alguns séculos pelas questões de responsabilidade intelectual e da representação da autoria no livro, donde a ideia, segundo Roger Chartier, de que a materialidade do livro impresso contribuiu para a afirmação da figura do autor”, diz Marisa. “Porém, como aponta o próprio Chartier, a partir da leitura que faz de Foucault, a responsabilidade intelectual se coloca já nos tempos do livro manuscrito, no final da Idade Média, e está relacionada com a vontade ou necessidade do autor de ter seu trabalho reconhecido, o que é válido tanto para textos científicos quanto literários, mas também na relação ou confronto de autores com os mecanismos censores. No último caso, sabemos que o advento da imprensa acelerou os dispositivos da censura.”
Ela observa, ainda, que a questão do autor, relacionada à propriedade, se coloca apenas no século 18, mais precisamente a partir de 1709, data da lei do copyright, na Inglaterra. “Mas o livro eletrônico não enfrenta nem a barreira da censura, nem as imposições da materialidade do livro impresso. Então, cabe perguntar: o que impulsiona hoje o debate e a criação de dispositivos legais para o reconhecimento do direito do autor na cadeia de produção do livro eletrônico? Eis uma questão a ser pautada lá no Instituto Cervantes.”
Bibliomania
A coluna Bibliomania, com a professora Marisa Midori, vai ao ar quinzenalmente, sexta-feira às 9h00, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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