A controvertida mudança na concessão de bolsas de pós-graduação pela Fundação Nacional de Apoio à Ciência dos Estados Unidos, a NSF, é o tema da coluna do físico Paulo Nussenzveig. “No dia 6 de agosto, Giuliana Viglione escreveu a respeito na Nature: a NSF resolveu anunciar que seu programa de bolsas de pós-graduação em ciências, tecnologia, engenharias e matemática (Stem, na sigla em inglês) teria foco em três áreas ligadas à computação: inteligência artificial, ciência de informação quântica e pesquisas com forte componente computacional”, conta. “Os sinais de alarme devem-se à missão da agência, primordialmente voltada a financiar a ciência básica, as pesquisas motivadas por curiosidade, sem preocupação com aplicações imediatas.”
“O anúncio recente soma-se a outras iniciativas, como legislação proposta com apoio bipartidário no Congresso americano para aumentar o orçamento da agência em US$ 100 bilhões nos próximos cinco anos, mas transformando a agência em fundação de apoio à ciência e tecnologia”, afirma o físico. “O novo aporte seria destinado ao desenvolvimento de tecnologia e não à ciência básica.”
“Já discuti aqui os perigos de tentativas de dirigismo na ciência, sobre os riscos de se exercer controle excessivo sobre as áreas de pesquisa da comunidade acadêmica, em especial no financiamento destinado à formação de jovens cientistas”, diz Nussenzveig. “Neste caso, trata-se de desvirtuar um programa existente, com tradição consolidada, reduzindo as oportunidades àqueles que necessitam de liberdade acadêmica para encontrar caminhos inusitados e frutíferos.”
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Ciência e Cientistas
A coluna Ciência e Cientistas, com o professor Paulo Nussenzveig, no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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