Depois de 20 anos de ocupação no Afeganistão, as tropas americanas se retiraram, fugindo de Bagram, a principal base militar americana no país. “Deixaram como legado um caos ainda maior do que havia em 2001, ano da invasão”, afirma em sua coluna Conflito e Diálogo a professora Marília Fiorillo.
Em poucos dias, o Talibã já domina 70% do país, tomando províncias inteiras, explica a professora. Várias regiões de Candara — a segunda maior do país — tornaram-se cidades-fantasmas, com a fuga em massa da população. Soldados do exército afegão largaram as armas e fugiram para o Tajiquistão. “Tudo indica que o governo, que foi excluído das negociações prévias entre Estados Unidos e Talibã durante a administração Trump, entrará em colapso em poucas semanas.”
A professora destaca que essa fuga, “na correria”, do único contingente militar que controlava as ações do Talibã é “um magistral exemplo do sucesso irresponsável: ocupar um país, falhar escandalosamente em implementar melhorias estruturais e abandoná-lo aos facínoras no pior momento”.
A população local deve voltar aos velhos tempos, com as regras impostas durante o domínio do Talibã: a proibição da educação das meninas, o uso compulsório da burca pelas mulheres e da barba para os homens, censura a novelas e outros programas de entretenimento na TV, proibição de se tocar música e empinar pipas. “O Afeganistão voltará a ser o único país do mundo onde qualquer manifestação de alegria merece pena capital”, afirma a professora. “Bye bye América, bem-vindos ao inferno.”
Conflito e Diálogo
A coluna Conflito e Diálogo, com a professora Marília Fiorillo, vai ao ar quinzenalmente sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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