Incerteza será a marca de 2024

Segundo Glauco Arbix , o cenário eleitoral em várias partes do mundo deixa claro que a democracia vai ter de transpirar muito para sobreviver

 30/01/2024 - Publicado há 3 meses
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O ano de 2024 promete, para o bem e para o mal. Guerras e mudanças do clima com certeza vão sacudir o mundo todo. Além dos conflitos armados, que colocam países e povos em situações extremas, o clima traz destruição e morte nos quatro cantos do planeta, inclusive aqui no Brasil. Teremos novas habilidades, novas possibilidades e novos problemas colocados pela inteligência artificial.

A incerteza certamente será marca de 2024. Tenho visto o cenário eleitoral com bilhões de pessoas nos Estados Unidos, na Rússia, na Índia, no Brasil, na Europa, na Ásia – certamente a democracia vai ter que transpirar muito para sobreviver. As sociedades vão ter que quebrar a cabeça para encontrar formas de governar a inteligência artificial e diminuir ao máximo os riscos de que a vontade popular seja alterada por conta de deepfakes, desinformação, de imagens distorcidas e histórias fabricadas, que destroem reputações e corroem instituições em segundos; do lado da ciência, mais uma vez cientistas e pesquisadores estarão diante de novos desafios e caminhos conflitantes, vão ter que escolher.
Quem pesquisa fundamentos tem a obrigação de buscar formas de zelar pela ética e pela transparência, de modo que as tecnologias possam ajudar a melhorar a nossa vida e não a piorar.

Um exemplo recente é o da Universidade do Estado do Arizona, Arizona State University (ASU), nos Estados Unidos, que se tornou a primeira a selar um acordo com  a OpenAI, aquela que lançou o ChatGPT, exatamente para potencializar a educação superior. Por que é importante? Porque o acordo envolve a comunidade e as perspectivas só podem avançar, os planos só irão para frente se eles tiverem dentro do enquadramento ético e de transparência. Ou seja, a comunidade acadêmica e de pesquisa está sendo chamada a trabalhar junto com as empresas para encontrar caminhos para sairmos da situação extremamente difícil, a inteligência artificial continua desgovernada e nas mãos de poucas pessoas e poucas empresas, para não falar de poucos países, que acabam mandando e comandando esse avanço.

A  experiência da Arizona State University é superimportante para o mundo todo, em especial aqui para o Brasil, porque nós sabemos que a USP pode avançar nesse mesmo terreno, criando áreas de discussão, de debate com as empresas, testando, fazendo protótipos e, principalmente, se firmando como interlocutor de governos e das empresas que geram a inteligência artificial, de modo a abrir a possibilidade de desenvolver novas tecnologias de modo ético e transparente.

Continuamos na torcida para que experiências desse tipo sejam exitosas e que  possam envolver profundamente a universidade, inclusive a USP, e que a gente alcance sucesso e chegue a um bom termo. Um grande abraço e um ótimo 2024.


Observatório da Inovação
A coluna Observatório da Inovação, com o professor Glauco Arbix, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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