Sociedade em Foco #183: O segredo das campanhas eleitorais será um sistema de implantação das políticas públicas

José Luiz Portella explica que a estratégia irá diferenciar os candidatos dos demais que apenas apresentarem propostas “marqueteiras” e políticas compensatórias

 12/03/2024 - Publicado há 2 meses
Momento Sociedade - USP
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Sociedade em Foco #183: O segredo das campanhas eleitorais será um sistema de implantação das políticas públicas
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Em 2024 ocorrerão as eleições municipais no Brasil e diversos candidatos, principalmente das grandes cidades, deverão se diferenciar dos demais, em termos de políticas públicas, para conseguir uma possível eleição. Para José Luiz Portella, doutor em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo, as campanhas eleitorais se baseiam em apresentar, de uma forma marqueteira — visando a deixar a proposta “bonita” —, algum programa de governo que aparente solucionar problemas candentes da sociedade.

Contudo, o especialista explica que, com a polarização existente no Brasil, em que cada lado não acredita no outro, ou mesmo em qualquer um que esteja fora de sua bolha, apenas a apresentação de programas, mesmo com o marketing, cairia na mesmice. “O segredo vai ser apresentar um sistema de implantação daquele programa bonito, então vai sair da ‘marquetagem’ para entrar na ‘engenheiragem’, ou seja, mostrar como se coloca aquela obra em pé”, comenta.

“Eu acho que quem fizer isso dará um salto de qualidade e vai mostrar uma diferença, porque todo mundo vai se apresentar na campanha com boas intenções, precisa ver como é que o sujeito transforma a intenção em ação, mostrando não só os recursos financeiros, mas os recursos que vêm da máquina da Prefeitura”, complementa.

Portella ainda afirma que as obras mais importantes costumam ser as sociais, com políticas de combate à desigualdade. “É o nosso maior problema, mais grave, e que causa outros, além da questão humanitária, além da injustiça social, causa um problema econômico, porque retira pessoas do consumo, e causa um problema de geração de políticas compensatórias, que acabam beneficiando quem não precisa”, acrescenta o professor,  exemplificando com a tarifa zero, que funciona aos domingos nos ônibus de São Paulo — de acordo com o especialista, as pessoas realmente necessitadas poderiam receber isso através de uma transferência de renda.


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