Sociedade em Foco #105: Alta no preço dos combustíveis é fruto da descoordenação entre as esferas do poder público e privado

José Luiz Portella diz que as políticas públicas brasileiras são feitas de modo improvisado e imediatista, sem pensar nas consequências futuras

 15/03/2022 - Publicado há 2 anos
Momento Sociedade - USP
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Sociedade em Foco #105: Alta no preço dos combustíveis é fruto da descoordenação entre as esferas do poder público e privado
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O Brasil enfrenta um cenário de alta nos preços dos combustíveis e, segundo o professor José Luiz Portella, a falta de coordenação entre as esferas do poder público e privado está na base do problema. “É um exemplo de processo totalmente descoordenado. O governo estava procurando uma forma de controlar o impacto dos combustíveis na inflação e a Petrobras fez um anúncio surpreendendo o próprio governo”, conta. A estatal decidiu reajustar o valor da gasolina em 18,7% na última sexta-feira (11). 

Até o momento do anúncio, a questão tramitava no Congresso, que buscava mitigar o impacto no consumidor, e o próprio presidente discutia soluções com os seus ministros. “Está uma total insegurança, incerteza, que é onde o Brasil vive. Essa é uma questão ampla, que atinge várias políticas públicas, e se o governo não tem uma coordenação com a Petrobras, que é a sua maior empresa, imagine com o resto”.

O professor indica outro problema das políticas públicas brasileiras: “Tudo é feito no improviso, no imediatismo, para resolver aquele problema do momento e sem pensar nas consequências futuras, que são muitas. Se você resolver uma questão do fundo, que há muito tempo está pairando sem ser resolvida, você resolve tudo isso”. 

“Ao invés de subsídios e auxílios, uma tentativa de contenção que sempre tem um tradeoff, seria muito melhor que tivéssemos uma renda básica para a população de extrema pobreza, para o pessoal que está abaixo da linha da pobreza”, continua Portella. Em momentos de crise, o professor sugere complementar a renda básica com um valor temporário para um público específico: “Quem anda a pé, de bicicleta ou transporte público não deveria subsidiar quem anda de carro. É justo que se subsidie o pessoal que faz aplicativos [de transporte, como motoristas], os caminhoneiros, entre outros”. 


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