Momento Sociedade #50: Auxílio emergencial evidencia possibilidade de erradicar extrema pobreza no País

Segundo José Luiz Portella, planos como os de renda mínima e reestruturação pós-pandemia levarão à flexibilização do teto de gastos, o que deve ocorrer no segundo semestre de 2021

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 01/09/2020 - Publicado há 4 anos
Momento Sociedade - USP
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Momento Sociedade #50: Auxílio emergencial evidencia possibilidade de erradicar extrema pobreza no País
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No episódio desta semana do Momento Sociedade, José Luiz Portella, doutor em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, fala sobre o auxílio emergencial e as consequências para a política econômica do Brasil. Ele afirma que o auxílio abriu uma perspectiva inesperada na política econômica, porque ninguém antes da pandemia cogitaria fornecer um auxílio de R$ 600 para 70 milhões de pessoas. “Pela relevância, acredito que o auxílio emergencial deve ser de R$ 300 até dezembro deste ano, sendo, de alguma forma, estendido até março de 2021”, afirma Portella.

Sobre o Renda Brasil, novo programa de renda mínima do governo federal, ele afirma não ser possível fazê-lo “do dia para a noite”. “Para fazer esse programa, inclusive nos moldes do Guedes – rejeitado pelo presidente -, é preciso mexer em leis, tem de haver uma discussão.

“Como a proposta é de que o Renda Brasil seja duradouro, será preciso buscar um sucedâneo em 2021”, explica. Portella afirma que todos esses projetos, acrescentando a eles ainda o Pró-Brasil, projeto de reestruturação do País pós-pandemia, levarão a uma flexibilização do teto de gastos, o qual, segundo ele, deverá ocorrer de forma legal no segundo semestre de 2021, visando à 2022, ano das eleições.

A pandemia evidenciou a enorme desigualdade, em especial a extrema pobreza, com a qual não conseguiremos mais conviver. “Essa é a grande mudança não só em termos econômicos, mas sociais”, comenta Portella. Segundo ele, a perspectiva é a de que a extrema pobreza possa ser erradicada no País: “Não há como o Brasil viver nessa extrema pobreza, nessa extrema desigualdade”. 

O entendimento desse quadro, de acordo com Portella, começou com a inclusão do auxílio emergencial, absolutamente necessário para o combate da pandemia, que, porém, “colocou o dedo em uma ferida de muito tempo, que era tratada de maneira indevida”. Ele completa: “Não há como continuar em um sistema que gere tamanha desigualdade; não há como uma nação conviver bem com isso”.

Ouça a íntegra do episódio no player.


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