Essa semana, o professor João Paulo Machado de Sousa explica o que é delírio, uma expressão já mencionada no Minuto Saúde Mental e que pode não ter ficado clara para muitos. O professor lembra que não é incomum ouvir por aí que alguém sofre de um “delírio de grandeza”, que fulano tem “ciúmes delirantes” ou que tal pessoa estava “delirando de febre”. “São usos correntes do termo e que não estão incorretos, mas que não querem dizer a mesma coisa que queremos dizer quando falamos de delírios no contexto da saúde mental.
O professor faz a distinção entre ilusão e delírio. “Em termos simples, uma ilusão é um engano dos nossos sentidos. É o que os mágicos utilizam nos seus truques e que rendeu a eles o nome de ilusionistas. Podemos ter a ilusão de que um objeto está perto quando na verdade está distante, ou de que uma pessoa está segurando a torre Eiffel na palma da mão em uma fotografia, por exemplo.”
Diferentes das ilusões, diz o professor, os delírios são ideias ou crenças rígidas sustentadas por uma pessoa ou um grupo de pessoas e que vão nitidamente contra a realidade. Essas crenças podem ser bastante complexas e são sempre resistentes à argumentação racional. Por exemplo, alguém pode ter o delírio de que determinada pessoa famosa o conhece, compartilha momentos e relações de seu círculo e está fazendo manobras para prejudicá-la. Este seria um tipo bastante conhecido de delírio, conhecido como paranoia.
E segue explicando que os delírios podem estar presentes em diferentes transtornos psiquiátricos e são parte daquilo que os profissionais conhecem como quadros psicóticos, ou seja, onde existe perda do contato com a realidade normalmente compartilhada. É um sintoma que pode aparecer em casos de intoxicação por substâncias lícitas ou ilícitas, de depressão grave, de mania ou de esquizofrenia, para citar alguns. Além disso, existe um diagnóstico específico com o nome de transtorno delirante.
“Como é fácil imaginar, as pessoas que sofrem de delírios podem apresentar comportamentos problemáticos que acabam causando reações negativas nas outras pessoas e isolamento social. Por isso, são sintomas que devem ser considerados com a devida gravidade e que sempre merecem a atenção de profissionais especializados, ainda que a pessoa afetada negue essa necessidade.”
Minuto Saúde Mental
Apresentação: João Paulo Machado de Sousa
Produção: João Paulo Machado de Sousa e Jaime Hallak
Coprodução e edição: Rádio USP Ribeirão
Coordenação: Rosemeire Talamone
Apoio: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Translacional, iniciativa CNPq e Fapesp
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