Incidência de psicoses é maior nas populações autodeclaradas pretas e pardas, como mostra estudo

A pesquisa foi realizada na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP e avaliou que a psicose tem uma incidência maior em minorias étnicas e em pessoas autodeclaradas como pretas e pardas, tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo

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 29/06/2023 - Publicado há 10 meses     Atualizado: 12/07/2023 as 16:32
Novos Cientistas - USP
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Incidência de psicoses é maior nas populações autodeclaradas pretas e pardas, como mostra estudo
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A pesquisa de mestrado Interação entre Cor de Pele Autodeclarada e Adversidades Sociais como Fator de Risco para as Psicoses, foi realizada na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. O estudo da médica psiquiatra Fernanda Naira Zambelli Ramalho teve a orientação da professora Cristina Marta Del Ben, e avaliou a associação de psicose a fatores como sexo, idade, cor da pele, uso de cannabis, trauma na infância e desvantagem social, entre outros. Na edição desta quinta-feira (29) do podcast Os Novos Cientistas, Fernanda Naira e a professora Cristina explicaram parte do estudo que envolveu 197 casos incidentes de psicose e 302 controles de base populacional, provenientes da região de Ribeirão Preto, SP.

De acordo com Fernanda, seu estudo pode explicar parte do processo. “Mais ainda temos muitas coisas para entender e ainda virão muitas pesquisas, certamente”, avaliou. Para a professora Cristina, trata-se de um assunto “muito intrigante e que todos nós estamos muito empenhados. Afinal, são problemas muito graves que acarretam prejuízos enormes para o indivíduo, para a família e para a sociedade”, disse. A orientadora destacou que “a contribuição que Fernanda trouxe foi tentar explicar como é que se relacionavam fatores sabidamente de risco para as psicoses.” Cristina ressaltou que a psicose tem uma incidência maior em minorias étnicas e em pessoas autodeclaradas como pretas e pardas tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo. “Nós sabemos que a diversidades sociais também aumentam o risco de psicose então a nossa contribuição é mostrar que essa associação cor de pele e psicose é imediata”, afirmou.

O estudo compreendeu os anos de 2012 a 2015, em Ribeirão Preto e Região, e envolveu indivíduos que estavam procurando o serviço de saúde pela primeira vez, e sem uma primeira manifestação psicótica. “Eles tinham de ter entre 18 e 64 anos e eram captados em ambulatórios enfermarias e pronto atendimentos em Ribeirão Preto e nas cidades da região. Os que compuseram o grupo controle eram indivíduos saudáveis que foram selecionados nos setores censitários nas cidades através do senso de 2010 do IBGE”, explicou Fernanda Naira. De acordo com a pesquisa, existe nessa população um risco duas vezes maior de psicose nessa população. “Isso pode ser explicado por uma maior exposição a situações de vulnerabilidade social”, destacou Fernanda.

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