Na entrevista desta quinta-feira (7) em Os Novos Cientistas, a pesquisadora Mariana Machado Rocha relatou resultados de seu estudo sobre a fundação da Universidade de São Paulo (USP), em 1934, num período em que havia um projeto de branqueamento da nação. A pesquisa de doutorado intitulada Uma luta científico-social desproporcional: colonialidade e branquitude na fundação da USP e ensino superior na Imprensa Negra Paulista (1924 – 1937) traz uma análise, à luz dos estudos críticos da branquitude e dos estudos pós-coloniais, de como o racismo influenciou a concepção da Universidade de São Paulo.
A pesquisadora analisou as referências ao ensino superior presentes nas agendas políticas de seus fundadores e da Imprensa Negra Paulista entre os anos de 1924 e 1937. “Meu estudo foi elaborado a partir de dois conjuntos de fontes, o primeiro constituído por textos e discursos dos fundadores da USP, e o segundo composto pelos jornais O Clarim da Alvorada, Progresso e A Voz da Raça”, descreveu Mariana.
O estudo contou com a orientação da professora Ana Luiza Jesus da Costa. De acordo com a pesquisadora, verificou-se que em ambos os grupos o ensino superior esteve conectado aos seus respectivos ideais de nação definidos a partir de posições radicalmente distintas a respeito dos sentidos de raça, do lugar dos negros na sociedade brasileira e do papel da ciência ou da cultura douta na sociedade. A relação de proximidade com o Estado possibilitou que um desses grupos configurasse suas perspectivas na forma de uma instituição. A fundação da USP concretizou, aprofundou e institucionalizou a diferença entre eles constituindo-se como parte importante do processo brasileiro de construção social da raça nos anos 1930.
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