O podcast Ambiente é o Meio desta semana conversa com o biólogo Everton Miranda, mestre em Ecologia e Conservação da Biodiversidade pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), doutor em Ecologia Aplicada pela Universidade de KwaZulu-Natal, na África do Sul, membro da Comissão de Sobrevivência de Espécies da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) e pesquisador do PeregrineFund, uma organização sem fins lucrativos que conserva aves de rapina ameaçadas e em perigo de extinção em todo o mundo. Miranda fala sobre a harpia, rara espécie de águia que sofre as consequências do desmatamento no Brasil.
Está “morrendo de fome” devido à expansão da fronteira agrícola, alerta o pesquisador sobre as condições vividas no País pela maior espécie de águia do mundo. É um animal muito possante, de garras poderosas, que pode chegar a pesar 11.1 kg, adianta Miranda, lembrando que a harpia é considerada um animal raro na natureza, com hábitos alimentares carnívoros e um “ciclo de vida extremamente lento”.
Por ser uma águia florestal, dificilmente é encontrada fora de florestas tropicais perenes, úmidas e chuvosas. E, segundo o pesquisador, o avanço do desmatamento das florestas brasileiras para a expansão da pecuária e da agricultura “resulta na fragmentação dos ecossistemas naturais” e afeta a vida da espécie no Brasil.
As harpias necessitam de pelo menos 50% de floresta preservada em seu território para viver. Com a redução de áreas disponíveis para as suas presas – preguiças e macacos -, as aves são afetadas por um “estresse alimentar que pode culminar até na morte dos filhotes, como já observamos no sul do Mato Grosso e na Amazônia diversas vezes”, conta Miranda.
O Brasil “já está devendo floresta, com pouca iniciativa do Estado no sentido de reverter isso”, alerta o pesquisador, afirmando que o “o agronegócio brasileiro vai precisar se reinventar no sentido de entender quais são as demandas da nossa legislação ambiental”, destacando possibilidades que o setor poderia adotar para diminuir o impacto ambiental que gera atualmente.
Ambiente é o Meio