“NYT” faz ranking de manifestações culturais para tentar entender os EUA

Escolha de 17 colunistas do jornal, embora muito distintos entre si, traz uma visão diferente daquele país e do que ele representa, diz Martin Grossmann

 25/07/2023 - Publicado há 9 meses

Logo da Rádio USP

O The New York Times pediu a 17 colunistas que escolhessem uma manifestação cultural que melhor retratasse o país, esse país que pretensiosamente se autodenomina de América, ou Estados Unidos da América. Lembrando que todos aqueles que habitam o eixo pan-americano, de norte a sul, são americanos. Mas, enfim, os colunistas do Times escolheram programas de TV, filmes, livros e músicas que capturam sintética e iconicamente o país como eles o entendem. Logo no início, o leitor é questionado: se você tivesse que recomendar às pessoas sobre como realmente entender aquele país do norte das Américas, você sugeriria que elas lessem a declaração de Independência de 1776, ou assistissem a todas as 44 temporadas da série Survivor? Lembrando que Survivor é um reality show competitivo muito popular nos Estados Unidos. A versão norte-americana do programa, ainda em cartaz, lançada no ano de 2000, é reconhecida como a mãe dos reality shows devido ao seu pioneirismo na TV e pelos altos índices e audiência que conquistou nos Estados Unidos.

O fato é que algumas manifestações culturais selecionadas, deliberadamente ou não, são tão reveladoras, capturam tanto a essência daquele país, que podem ser lidas praticamente como obras fundamentais de uma nação, assim fala o jornal. Chama a atenção a diversidade das respostas, que vão desde uma música do grupo de rap The Sugarhill Gang, de 1979, até um clássico da literatura que é O grande Gatsby, de Scott Fitzgerald. Com o texto de abertura explícita, cada escolha traz uma visão diferente daquele país e do que representa – algumas mais esperançosas do que outras -, mas todas elas nos dizem algo sobre os arquétipos pelos quais os norte-americanos torcem, as mitologias às quais eles se apegam e os ideais que defendem e compartilham.

É importantíssimo esse tipo de avaliação, levar isso em consideração, pois Nova York tem as suas particularidades como também esse importante jornal, respeitado por ser o principal meio de referência da imprensa norte-americana. Dos 17 colunistas convidados, quatro deles são baby boomers, nascidos entre 1945 e 1964, dez da geração X, nascidos entre 1965 e 1984, e três da geração Y, os millennials, nascidos de 1984 a 1999. Além disso temos dez homens, sendo dois deles negros e outros dois representando a diversidade norte-americana, com um jornalista de origem latino-americana e outro asiático. Das sete mulheres duas são negras e uma turco-americana. Lembro que, pelo Censo de 2020, os norte-americanos brancos são a maioria racial, com os brancos não hispânicos representando quase 60% da população. Os americanos hispânicos e latinos são a maior minoria étnica, representando quase 19% da população, enquanto os americanos negros são a maior minoria racial e a segunda maior minoria étnica, representando 12,6%. Mulheres, no total, perfazem um pouco mais de 50% da população. Talvez semelhante enquete pudesse ser realizada aqui no Brasil. Deixo assim uma sugestão à editoria desta rádio, mas certamente já fico curioso em saber quais seriam as escolhas tanto dos convidados como também dos ouvintes.


Na Cultura, o Centro está em Toda Parte
A coluna Na Cultura o Centro está em Toda Parte, com o professor Martin Grossmann, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

.

.


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.