O professor Gilson Schwartz traça um panorama sobre a atual instabilidade no cenário econômico norte-americano, o que tem levado a milhares de demissões em setores de alta tecnologia, especialmente no universo digital. “No entanto, após um ano dramático, as ações nas bolsas de valores dos Estados Unidos tiveram uma forte valorização no primeiro trimestre de 2023. Para alguns analistas, seria um sinal de “resiliência”, ou seja, alta capacidade das empresas americanas se adaptarem a contextos de crise. As bolsas estão revigoradas apesar da crise bancária , de vários episódios de colapso nos mercados de criptomoedas. A bolsa Nasdaq, que concentra as ações de empresas de alta tecnologia, subiu quase 17% em
seu melhor ganho trimestral desde o quarto trimestre de 2020. Apesar da incerteza com relação à elevação das taxas de juros nos Estados Unidos, a própria crise bancária acabou impedindo o Banco Central de subir mais os juros para combater a inflação” .
Apesar da invasão da Ucrânia pela Rússia ter aumentado a incerteza, Schwartz argumenta que as principais empresas de energia dos Estados Unidos tiveram lucros extraordinários no primeiro trimestre de 2023, “beneficiando-se justamente do aumento dos preços do petróleo e do gás que se seguiu à invasão russa da Ucrânia. Agora, os países produtores de petróleo anunciam a contenção da produção, para evitar que o seu preço despenque diante dos sintomas de crise e recessão, inflação e
instabilidade bancária”.
Na sequência de sua coluna, ele discorre sobre o mercado acionário e sua reação frente à instabilidade, observando que o mercado de ações de empresas tecnológicas é o que superou as dificuldades com mais intensidade. “As ações da Apple subiram cerca de 27%, as ações da Microsoft subiram cerca de 20%. Há várias explicações que não frequentam o noticiário. Em primeiro lugar, o processo rápido e profundo de demitir trabalhadores e fechar áreas menos lucrativas nas empresas aumenta a confiança do investidor. Ao mesmo tempo, além da guerra na Ucrânia, estamos vivendo um dos momentos mais intensos de aumento dos gastos do governo dos Estados Unidos com desenvolvimento de tecnologias, digitais ou não”. Segundo o colunista, a combinação de investimento público e desemprego tecnológico cria expectativas de longo prazo para as grandes empresas digitais.
“Nunca antes, na história do pós-guerra, houve, nos países mais ricos, tamanha mobilização sindical em setores como educação, saúde e segurança. O pior ainda pode estar por vir, mas não para as grandes empresas de tecnologia, em que o interesse dos acionistas é devidamente protegido pelo governo, assim como os grandes bancos e a corrida armamentista”, observa ele no trecho final de sua coluna.
