A Faculdade de Educação (FE) da USP realizará uma reunião do Grupo de Estudos sobre Educação com Pessoas Jovens e Adultas sobre o tema A retomada das políticas públicas de EJA em âmbito federal, no dia 27 de abril, das 17h30 às 19h30. O evento é aberto ao público e ocorrerá de modo híbrido, presencialmente no auditório da FE, e remotamente pelo canal de YouTube da FE, não sendo necessário se inscrever. A doutora pela FE e Coordenadora-geral de Educação de Jovens e Adultos do Ministério da Educação (MEC), Mariângela Graciano, participará do encontro.
A reunião pretende debater a retomada de políticas públicas para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), a partir da nova gestão do Governo Federal, em 2023. “Com a antiga gestão de governo, houve uma desestruturação das políticas públicas do EJA. Os apoios financeiros caíram consideravelmente e programas de incentivo à educação foram desativados, como o Programa Brasil Alfabetizado”, lamenta Maria Clara, professora da FE e filiada à Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd). “A expectativa é de que o atual Governo Federal retome um papel de liderança para o EJA”, complementa.
A convidada Mariângela Graciano irá debater com os participantes o andamento das propostas de retomada no MEC. Entre as iniciativas já realizadas, está a restauração da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI), especializada em fortalecer grupos historicamente excluídos da escolarização. Em 2019, a secretaria havia sido desfeita pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, assim como a Diretoria de Políticas de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos (DPAEJA).
De acordo com a primeira etapa do Censo Escolar de 2020, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), houve uma redução de matrículas no ensino básico, sobretudo no EJA. Os dados mostram que, nessa modalidade de ensino, 270 mil estudantes não estiveram presentes nas salas de aula em relação ao ano anterior. O censo foi realizado em um contexto anterior à pandemia da covid-19, de modo que seus impactos não refletiram nos números coletados.
“O EJA pode ser uma estratégia social, porque interfere em outros campos, por exemplo, a política. Sem a educação, as pessoas podem ter mais dificuldade e se deixar levar pelas falsas informações, ou seja, afeta a visão crítica para exercitar sua cidadania”, afirma Maria Clara. “O EJA é um direito humano, que está na Constituição Federal, mas que ainda estamos longe de alcançar”, lamenta a professora da FE.
Grupo de Estudos sobre Educação com Pessoas Jovens e Adultas
Desde 2017, o Grupo de Estudos sobre Educação com Pessoas Jovens e Adultas atua promovendo espaços de discussão no campo do EJA. Seu desenvolvimento se deu a partir do interesse de alunas de graduação em expandir uma disciplina optativa sobre políticas públicas de EJA, ministrada pela professora Maria Clara, na FE.
Atualmente, trata-se de uma atividade de extensão, em modalidade híbrida, que recebe estudantes e professores dentro e fora da comunidade USP. “Participam pessoas do Brasil inteiro, desde a graduação até pós-doutorado, junto a professores e coordenadores pedagógicos da rede pública de ensino, entre outros”, conta Maria Clara.
Entre as discussões do grupo, estão temas voltados à educação do público adulto, como a alfabetização, aspectos tecnológicos, desenvolvimento cognitivo, além de abordagens sobre a importância e visibilidade do EJA e o incentivo à pesquisa na área.
Em 2022, Maria Clara participou da elaboração do documento Em Busca de Saídas para a Crise das Políticas Públicas de EJA, do Movimento pela Base. O objetivo do trabalho é discutir a ausência de políticas de EJA no Brasil e sugerir recomendações para o Programa Nacional do Livro Didático. O documento foi tema abordado nos encontros do grupo de estudos.
Mais informações: apoioacadfe@usp.br
