
A Faculdade de Educação (FE) da USP realizará nesta terça-feira, 19, o evento Políticas do autismo: efeitos sobre o lugar da criança no imaginário social, em que será discutido o livro de mesmo nome, da psicanalista e doutora pela USP Letícia Vier Machado. O encontro acontecerá das 18 horas às 19h30, no auditório da FE. Para participar, basta comparecer ao local na data e horário. Participarão do debate a autora do livro, Letícia Vier, a professora do Instituto de Psicologia (IP) da USP Adriana Marcondes Machado e o professor da FE Douglas Emiliano Batista.

O dia 2 de abril marca o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, sendo o mês de abril uma referência sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). O encontro na FE pretende ir além das discussões diagnósticas, trazendo o autismo para a cena pública, com reflexões sobre seus efeitos, sobretudo para as crianças.
“Nós entendemos que discutir o autismo não é apenas informar sobre as características de um diagnóstico, mas pensar a complexidade do fenômeno nas relações com a infância, com os paradoxos do diagnóstico – que ora funciona como acesso a serviços da rede e assegura direitos, ora delimita modos de existência -, com o campo das políticas públicas e com a patologização e medicalização presentes em diversas esferas sociais”, afirma Batista.

Com base na obra Políticas do autismo: efeitos sobre o lugar da criança no imaginário social, de Letícia Machado, o evento propõe expandir as discussões sobre o autismo. O livro partiu da pesquisa de doutorado da autora, publicada em 2021, no Instituto de Psicologia (IP) da USP, com o título O autismo na pólis: efeitos sobre o lugar da criança no imaginário social no Brasil. O livro está disponível para compra neste link.
A obra busca compreender o autismo enquanto mediador da relação entre adultos e crianças, mostrando-se como risco a ser prevenido. Nesse sentido, a autora apresenta o excesso de diagnósticos sobre TEA e o desenvolvimento psíquico de bebês e crianças, além de discutir as políticas públicas brasileiras que prejudicam o protagonismo da criança, dando maior ênfase ao autismo.
“Pretendemos colocar em questão os paradoxos do diagnóstico do autismo, que assegura direitos, mas também carrega o perigo de se sobressair a qualquer outra característica que defina a criança, ou seja, ela se torna mais autista do que criança”, pontua Batista. O professor ressalta a importância de desenvolver esse tema na Universidade pela significativa presença de uma comunidade neurodivergente na USP.
Lugar da criança no imaginário social

Ao Jornal da USP, Batista explica que as crianças desenvolvem seu aparato social a partir de marcas existentes em seu tempo, de modo que cada época, contexto e cultura possibilitam diferentes formações às gerações futuras. A pandemia, as diversas formas de violência e a pluralidade das experiências de infância são exemplos de fatores temporais que interferem na formação infantil. O imaginário social, segundo ele, trata da forma como as crianças são sonhadas pelos adultos que as acolhem.
“Atualmente, o autismo é uma das marcas das crianças de nosso tempo, apresentando-se mais como risco do que como presença real”, conta Batista. “As políticas do autismo se referem tanto às políticas públicas que elegem o autismo como objeto e que, em grande parte, têm interlocuções com a infância, quanto à circulação das crianças na vida pública, atravessadas pelo autismo, que ao mesmo tempo as antecede e as ultrapassa”, complementa o professor da FE.
Mais informações: apoioacadfe@usp.br