“Série Energia”: Carro elétrico e carro a álcool travam disputa verde

Versão europeia do motor elétrico é mais danosa ao meio ambiente do que a versão brasileira do motor movido a biocombustível

 25/11/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 12/06/2023 às 12:09
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Carro elétrico europeu sendo reabastecido. Fonte da energia é o carvão mineral – Foto: Ivan Radic/VisualHunt
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A matriz energética da Europa é baseada em combustíveis fósseis com participação relevante do carvão mineral. Neste contexto, muitos afirmam que a eletrificação das frotas no Velho Continente vai aumentar a emissão de CO2 e não o contrário, como promete. Há quem afirme que a eletrificação vai acelerar a transição energética da matriz e a médio e longo prazo a tendência vencedora é a redução das emissões. Mas, do outro lado do oceano Atlântico, o projeto mais exitoso de produção do biocombustível é, sem sombra de dúvidas, o carro a álcool brasileiro que é menos poluidor que o carro elétrico europeu.

A análise de ciclo de vida do “tanque para a roda”, onde só é levada em consideração as transformações energéticas que ocorrem no âmbito do veículo, por exemplo, no carro elétrico, pode até confirmar a impressão de que esses motores são menos poluentes. Isto porque desconsidera todas as emissões que ocorrem antes do veículo. Mas uma análise do ciclo do poço à roda, que é quando todo processo que fica para trás da tomada do carro elétrico é levado em consideração como, por exemplo, as usinas a carvão que geram a eletricidade, como no caso europeu, o assunto muda de figura. 

Por sua vez, o ciclo do carro a álcool brasileiro é menos poluente que o carro elétrico europeu, pois o CO2 emitido na combustão lá no carro é compensado pelo CO2 capturado pela cana-de-açúcar no cultivo, ainda no campo. Além disso, no caminho da cana entre o campo até o tanque de combustível do carro também é produzido açúcar, químicos, eletricidade, entre outros.

Hoje praticamente todo o rejeito da cana é utilizado, seja na queima e produção de vapor, seja na fertirrigação, e, mais recentemente, produzindo etanol de segunda geração e biogás da vinhaça. Nesse contexto de transição tecnológica e de desafios complexos, as soluções adotadas pelo norte global nem sempre são as melhores soluções para os países do Sul, ou de desenvolvimento mais recente. É hora de o Brasil aproveitar o momento histórico para, talvez, perder um pouco “o norte” e encontrar o seu caminho na transição energética para o baixo carbono.

A Série Energia tem apresentação do professor Fernando de Lima Caneppele (FZEA), que produziu este episódio com Murilo Miceno Frigo, discente de doutorado e professor do Instituto Federal do Mato Grosso do Sul. A coprodução é de Ferraz Junior e edição da Rádio USP Ribeirão. Você pode sintonizar a Rádio USP Ribeirão Preto em FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS.


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