“Fiquei muito emocionada de poder respirar”, revela Maria Luci dos Santos, que foi a primeira vacinada contra o coronavírus no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP. A enfermeira deixou a casa e a família quando o primeiro paciente chegou no seu local de trabalho: a UTI Covid. Ela alugou um apartamento sozinha para proteger o marido e o filho dos riscos por estar na linha de frente durante à pandemia.
Maria Luci recebeu a primeira dose da colega e enfermeira Giselda Paula, que foi responsável por aplicar as primeiras doses do imunizante. “Foi uma emoção tão grande. Estamos com muita confiança na vacina e esperamos que todos sejam vacinados, porque essa é a única proteção que temos agora”, afirma.
O marco histórico do início da vacinação em Ribeirão Preto aconteceu no dia 19 de janeiro com a chegada no HCFMRP de 6.520 mil doses da Coronavac do Instituto Butantan, que foi aprovada em caráter emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Alegria também foi a palavra do dia para a técnica em enfermagem Maria Sueli, que aplicou as primeiras doses da Coronavac no hospital. “Foi uma das vacinas mais emocionantes de ser aplicadas, porque era muito esperada. A gente está vendo muito sofrimento e fiquei muito feliz porque vamos ajudar o pessoal”, conta.
A cerimônia contou com a presença de João Doria, governador do Estado de São Paulo; Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan e demais autoridades do município. O momento reuniu os professores Rui Alberto Ferriani, diretor; Benedito Maciel, superintendente do HCFMRP; Benedito Antônio Lopes da Fonseca, Antônio Pazin Filho, Ricardo de Carvalho Cavalli e Margaret de Castro, todos da FMRP.
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Vacina é esperança para trabalhadores da linha de frente
A manhã do dia 19 de janeiro também foi marcante para a fisioterapeuta Vivian Siansi, que é funcionária do HCFMRP há mais de seis anos. “Fiquei muito lisonjeada pelo convite e por estar representando a área da Fisioterapia, que tem um papel fundamental no ambiente hospitalar e na terapia intensiva”, afirma.
Vivian e as enfermeiras Flábia Trovó de Sousa e Juliana Abadia revelam que atuar na linha de frente na pandemia gerou momentos de medo, insegurança, preocupação e cansaço. “Eu não esperava que esse dia iria chegar. É um dia histórico que vou contar para os meus netos que a vovó tomou o primeiro lote das vacinas que chegaram em Ribeirão Preto”, conta Flábia.
Juliana ainda destaca que tomou todas as medidas necessárias para se proteger e proteger os familiares. “Só saía de casa para trabalhar e fazia o que era essencial para a minha mãe idosa não sair de casa. Além disso, tentava me proteger ao máximo dentro e fora do hospital. Acho que isso foi muito importante para eu não contrair a doença”, finaliza.
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Importância da vacina
A professora Margaret de Castro ressaltou a importância da vacinação ao contar que possui sequelas da poliomielite, doença viral que pode afetar os nervos e levar à paralisia parcial ou total, por não ter tido acesso à vacina. “Hoje estamos frente a uma possibilidade real de evitar e de mitigar essa pandemia. Quero exortar toda a população paulista e brasileira para não perderem essa oportunidade que salva vidas”, afirma.
Além disso, Margaret reafirmou a confiança e seriedade do Instituto Butantan e destacou a importância do trabalho realizado pelo HCFMRP durante a pandemia. “Uma das grandes razões da minha satisfação de estar aqui é o fato de que até maio de 2020 eu era diretora da FMRP. Participei do desafio, junto aos professores Maciel, Pazin e todos os funcionários para vencer uma situação extremamente trágica”, completa.