Renovação política é o caminho para refundar ética público-privada

Para especialista, é necessário travar discussão sobre o lobby e o papel de partidos políticos para nova agenda democrática

 23/08/2018 - Publicado há 6 anos

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O Brasil passa por um momento de turbulência em relação à política em plena véspera de eleição, o que traz à tona a discussão sobre a democracia e a ética nas relações entre setor público e privado, e o que os partidos políticos, empresas, instituições públicas e a sociedade civil podem fazer para aprofundá-la. É o que aborda Gustavo Justino de Oliveira, professor do Departamento de Direito Administrativo da Faculdade de Direito (FD) da USP, em entrevista ao Jornal da USP no Ar.

O professor argumenta que toda a incerteza que ronda a política institucional brasileira, como o impeachment da ex-presidenta Dilma, a prisão do ex-presidente Lula e o atual presidente Michel Temer sendo processado por um crime de corrupção, marca uma “metamorfose” que procura refundar a ética nas relações público-privadas, com uma forte ideia de combate à corrupção e de compliance (dever de cumprimento de uma postura em concordância com a lei).

De acordo com ele, a discussão sobre uma agenda democrática passa por uma avaliação da importância da internet e das redes sociais no que tange aos debates políticos no País, além da discussão do papel dos partidos políticos e sobre o que deveria acontecer a eles em caso de corrupção por parte de um membro, como a apropriação de recursos e caixa dois para fins escusos. Outro debate que precisa ser endossado é sobre o lobby empresarial, que vem sendo pautado em um projeto de lei no Congresso.

O caminho para levar adiante essas propostas passa pela renovação política – o que é pouco provável que aconteça no cenário que se desenha. “As mudanças não ocorrem de uma legislatura para outra. Em uma democracia com um modus operandi muito tradicional e conservador, de predomínio dos partidos, não teremos uma mudança repentina.” Segundo ele, a agenda pública vem se movimentando, mas a agenda política parece estar paralisada, então, essa proximidade com os anseios da população deve ser cobrada nas eleições.

Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.

Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93,7, em Ribeirão Preto FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular. Você pode ouvir a entrevista completa no player acima.


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