Quadro geopolítico atual é um desafio para a COP 27

Pedro Luiz Côrtes comenta as expectativas da COP 27, destacando a possibilidade de a Europa não conseguir cumprir as metas de redução do efeito estufa estabelecidas na edição anterior do evento

 26/08/2022 - Publicado há 2 anos
A guerra na Ucrânia intensificou o temor de que a Europa não consiga cumprir as metas de redução do efeito estufa – Foto: Pixabay-CC
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A 27ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas será realizada na cidade do Cairo, Egito, de 7 a 18 de novembro de 2022. Nela serão discutidas metas para a redução das emissões de gases de efeito estufa, bem como  as consequências das mudanças climáticas no mundo todo. Pedro Luiz Côrtes, professor da Escola de Comunicações e Artes e titular do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, analisa as expectativas para esta edição da conferência. 

A COP deste ano pode encontrar desafios. Côrtes comenta que o cenário de pressão criado pela possibilidade de a União Europeia não conseguir cumprir as metas climáticas estipuladas na edição anterior, de redução de emissões de gases de efeito estufa, é intensificado pela guerra na Ucrânia: “É possível que a Europa encontre dificuldades para cumprir as metas para os próximos anos”. 

O contexto mencionado por ele envolve a questão do suprimento de gás natural e o uso de outros combustíveis fósseis. Com os cortes da Rússia, a Alemanha tem considerado reativar usinas termelétricas, movidas a óleo combustível ou carvão, fontes mais intensas na geração de gases de efeito estufa. Ano passado também houve um movimento muito intenso dentro da União Europeia, após a última convenção do clima, para a inclusão do gás natural na taxonomia de fontes de energia consideradas “ambientalmente amigáveis”. 

A pressão dos países europeus ocorreu após diversos governos entenderem que seria necessário adotar o gás natural como combustível de transição – Foto: Divulgação Petrobras via Portal Brasil

Côrtes explica que essa pressão dos países europeus ocorreu após diversos governos entenderem que seria necessário adotar o gás natural como “combustível de transição”, para a estipulação de uma energia limpa. O mesmo pensamento é aplicado para a perspectiva ou reconsideração sobre a volta da energia nuclear, na tentativa de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, que apresentam o problema de segurança na sua operação e no armazenamento do combustível. 

Total alerta

Aqui no Brasil, ainda que o tema não tenha entrado no radar da cobertura jornalística brasileira, devido às eleições de 2022, Côrtes diz que ele deve ganhar uma atenção especial. Alguns dos motivos envolvem as alterações climáticas muito severas no País, como as chuvas que afetaram as cidades de Petrópolis e de Angra dos Reis. 

No âmbito mundial, temos recordes de temperatura na Europa, América do Norte e Ásia: “Enfim, os efeitos das mudanças climáticas têm sido verificados em diversas áreas do planeta. Isso por si só já merecia uma discussão mais profunda”, adiciona ele.


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