Depois de uma noite sem dormir, o controle postural — habilidade de manter a posição do corpo durante uma atividade estática ou dinâmica — pode ser afetado. Esse foi um dos resultados da pesquisa desenvolvida no laboratório de Biomecatrônica da Escola Politécnica da USP, coletada por meio dos chamados “dispositivos vestíveis”.
São tecnologias capazes de medir, de maneira constante, vários aspectos biológicos que contribuem na coleta de dados de saúde sobre alguém. Relógios que medem atividade física durante caminhadas e corridas são um dos exemplos. Nesse caso, os pesquisadores utilizaram um actímetro de punho, aparelho vestível que mede a atividade corporal, a luz ambiente e a temperatura do quarto e do organismo. Com isso, foi possível estimar os intervalos em que a pessoa esteve provavelmente dormindo.
“A vantagem dessa actigrafia, ou dos dispositivos vestíveis, é que nos permite coletar muita informação, às vezes não tão precisas no laboratório, mas muitas ecologicamente válidas das pessoas em seu ambiente, o que nos permite interpretá-los, para ter uma informação mais precisa”, diz o professor Arturo Forner-Cordero, do Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos da Poli, que lidera o estudo.
Privação de sono é prejudicial aos alunos
O projeto começou a ser desenvolvido no laboratório porque os próprios estudantes que o integravam demonstraram um desempenho ruim em função da privação crônica do sono. Forner-Cordero diz que os resultados podem ser usados para planejar o semestre. “Se o problema é que os nossos alunos têm trabalhos concentrados no fim do semestre, uma das nossas políticas, que estamos tentando implementar, é distribuir essa carga ao longo do período da forma mais equilibrada possível”, diz Forner-Cordero.
“Planejar a carga não para baixar a qualidade do discente, mas distribuí-la de uma forma mais racional”, destaca o professor, que relembra uma outra pesquisa realizada pelo grupo, de 2017, que comparava estudantes da capital e do interior. “Vimos que estudantes de São Paulo dormiam até duas horas a menos do que os estudantes que nasciam no interior de Minas Gerais.”
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