Brasil pode se associar ao maior centro científico do mundo

Marcelo Munhoz explica que o Instituto de Física apresenta papel central na coordenação de experimentos, descobertas e avanços na área da medicina e que a integração nacional a esse projeto seria positiva para o crescimento científico brasileiro 

 22/06/2023 - Publicado há 1 ano
Grande parte dos países que investem nesse laboratório apresenta como objetivo aproveitarem as tecnologias que são supridas por essas demandas  – Foto: CERN Atlas Caverne/Wikimedia Commons CC
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O Brasil pode se tornar membro associado do maior e mais avançado centro científico do mundo, a Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN), que se localiza na fronteira entre a Suíça e a França. A infraestrutura de pesquisa tem como objetivo a investigação voltada para física de altas energias — entre os seus grandes feitos estão a comprovação do bóson de Higgs ou “partícula de Deus”, a construção do mais potente acelerador de partículas do planeta (LHC), a invenção do World Wide Web, além de experimentos e descobertas sobre a origem do Universo. 

A integração do País na organização pode representar uma estratégia para ampliar o acesso a infraestruturas globais de pesquisa a partir da transferência de tecnologias e acesso a matérias-primas especiais, por exemplo. O professor Marcelo Munhoz, do Instituto de Física da USP, explica que o instituto apresenta papel central na coordenação de experimentos, descobertas e avanços na área da medicina e a integração nacional a esse projeto seria positiva para o crescimento científico brasileiro. 

Importância 

Entre os diferentes reconhecimentos conquistados pelo laboratório internacional, a posse do maior acelerador de partículas do mundo (LHC) é um dos feitos mais reconhecidos da instituição. O professor explica que a proposta da invenção é o estudo e a busca pela compreensão a respeito da estrutura mais básica e elementar do Universo. “Nós queremos entender, grosso modo, do que são feitas todas as coisas, quais são os componentes, como eles interagem entre si”, explica. Para cumprir essa tarefa, é necessário um avanço tecnológico muito grande e, por isso, a oportunidade de associação à CERN deveria ser aproveitada. 

É interessante notar que grande parte dos países que investem nesse laboratório apresenta como objetivo aproveitarem as tecnologias que são supridas por essas demandas. Munhoz explica que isso acontece pois uma série de tecnologias são desenvolvidas a partir da necessidade de compreensão da estrutura mais elementar do Universo, que acaba tendo diferentes aplicações. 

Marcelo Gameiro Munhoz  – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Brasil 

A participação do Brasil dentro da CERN pode ser apresentada a partir de diferentes divisões. Assim, contamos com a participação científica de grupos de pesquisa de diferentes universidades nacionais desde a década de 90. Os pesquisadores brasileiros participam, portanto, da criação de conhecimento e da infraestrutura tecnológica experimental. O professor adiciona que a novidade, que foi apresentada entre o final de 2008 e o início de 2009, foi a oportunidade de integração do País como membro associado da CERN. 

“Primeiro tem o ônus que seria uma contribuição anual do País para o laboratório manter a sua infraestrutura, nâo é? É o que os países europeus fazem hoje. Mas teriam vários bônus nessa entrada, a CERN poderia passar a contratar brasileiros como funcionários, por exemplo”, comenta Munhoz. Além disso, outro ponto positivo da associação seria o comprometimento da organização em contribuir com o país que auxiliou com o investimento em pesquisas do local. Assim, eles se preocupam em pegar a contribuição fornecida pelo país e devolver diretamente para esses contribuidores. 

Outro destaque importante sobre a organização é a sua filosofia de conhecimento aberto, dessa forma, todos os artigos científicos da CERN são abertos ao público. Essa é uma forma de transferência de informações práticas que iria colaborar com a troca de informações dos laboratórios até os meios produtivos. “É uma parceria em que os dois lados ganham, a CERN está recebendo ajuda com a sua infraestrutura e o País ganha porque está recebendo conhecimento”, declara o especialista. 

Nota-se também que diferentes áreas do Brasil poderiam ser exploradas pela parceria, fator que é também considerado pela organização. Exemplo disso é a exploração de pesquisas a respeito de ímãs supercondutores, que são interessantes para ambos os lados.


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