A história das eleições de 2018 é contada na internet e pela internet. A disputa entre os candidatos transformou as redes sociais em um tumultuado palanque eletrônico. Em sua coluna Ouvir Imagens, Giselle Beiguelman, artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, comenta sobre as batalhas on-line – clique no player acima. E traz uma questão importante do ponto de vista do patrimônio digital. “Qual é o legado destas eleições no Brasil? Precisamos criar rapidamente métodos para represar o incalculável material gerado nessas batalhas on-line.”
Quando gravou a coluna para a Rádio USP, Giselle Beiguelman ainda não sabia o resultado das eleições, mas se perguntava: “Para onde irá todo esse material? Quem vai guardar essa memória?”. Ressalta: “Durante meses recebemos memes, compartilhamos posts, seguimos perfis que arrebataram multidões como o da Ursal e o da barbie fascista, no Instagram, entramos em novos grupos fechados no Facebook, fomos atrás dos movimentos que apareciam no Twitter. E, nas últimas semanas, como esquecer? Fomos todos capturados pelas cruzadas no WhatsApp”.
A professora esclarece: “Estamos diante de um fenômeno novo, de produção de discurso e de linguagem que vêm de todos os poros da sociedade. Temos que resguardar esse acervo, inclusive das fake news. Ele é o registro de como vivenciamos as eleições que foram as mais fratricidas da nossa história recente”.
Uma sugestão da professora para guardar esse material que circulou na internet sobre as eleições é o crowdsourcing, método de trabalho colaborativo em que se distribuem tarefas para serem realizadas de modo voluntário em torno de um objetivo comum. “A Wikipedia, do meu ponto de vista, é o melhor exemplo do que o crowdsoursing representa”, explica. “A Library of Congress, Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, acaba de lançar um projeto de crowdsourcing orientado para transcrever e classificar os materiais de suas coleções, a fim de torná-los disponíveis na internet. Pode ser um bom ponto de partida para pensar em como arquivar a história das nossas eleições.”
Quem quiser saber mais sobre a história das eleições de 2018 e a importância de preservar o material que circulou na internet, acesse: