“Universidade 93,7”, 15 anos no ar pela Rádio USP

Por Luciano Victor Barros Maluly, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, e Daniel Azevedo Muñoz, doutorando em História Contemporânea pela Universidade Autônoma de Madri

 21/08/2023 - Publicado há 8 meses
Luciano Maluly – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens
Daniel Azevedo – foto: Arquivo pessoal
O programa Universidade 93,7 comemora 15 anos de transmissões pela Rádio USP, marcado por uma história de sucesso e também de muito trabalho. Um dos mais longevos da emissora, o programa é produzido pelos alunos do curso de Jornalismo da Escola de Comunicações e Artes da USP, fruto de uma parceria entre a Superintendência de Comunicação Social (SCS) e o Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE) da Escola de Comunicações e Artes (ECA). O principal objetivo é a veiculação dos programas produzidos pelos alunos do curso de Jornalismo da USP, na decorrência de suas disciplinas voltadas ao Radiojornalismo.

Antes de 2008, as produções universitárias realizadas no Laboratório de Radiojornalismo João Walter Sampaio Smolka, do CJE, eram disponibilizadas apenas em um repositório digital vinculado ao site da ECA, que foi idealizado pelo funcionário Ulisses Rodrigues de Paula, webdesigner responsável pelas produções digitais do CJE. Atualmente, os arquivos seguem disponíveis no mesmo endereço, mas se comunicam com seu público também por meio da Rádio USP e dos podcasts do Jornal da USP.

A história começou quando um grupo de estudantes formado por Tatiane Klein, Tadeu Breda, João Peres e Guilherme Balza reivindicou um espaço na Rádio USP para a transmissão dos produtos oriundos de seus trabalhos de formação. Com esse desejo dos estudantes, buscou-se então um acordo, que foi firmado em uma reunião realizada na sede da SCS, com o seu superintendente na época, Wanderley Messias da Costa. A Rádio USP era representada por Celso dos Santos Filho (diretor) e Silvana Pires (coordenadora de jornalismo) e o CJE, pelos professores José Luiz Proença (chefe à época), Luciano Victor Barros Maluly e Luiz Fernando Santoro (responsáveis pelas disciplinas de Radiojornalismo), além do grupo de alunos que reivindicava o espaço na programação. A partir desse encontro, os programas de rádio produzidos pelos estudantes e demais colaboradores passaram a ser veiculados na rádio, interruptamente, aos domingos, às 11h, sempre com a supervisão do atual chefe técnico da Rádio USP, Dagoberto Alves.

Uma história no ar

O primeiro programa Universidade 93,7 foi transmitido no dia 28 de setembro de 2008, com um especial sobre as comemorações do Dia Nacional da Radiodifusão, data que homenageia o pai do Rádio no Brasil, Edgard Roquette-Pinto (1884-1954). A edição já estava gravada e teve a participação especial de Milton Parron, jornalista das rádios USP e Bandeirantes. O título era Palavras Cruzadas, tendo sido produzido pelos alunos André Albert, Ana Paula Bezerra Severiano, Daniele Assalve, Henrique de Brito Garcia, Natália Favrin Ferri e Marcelo Augusto Spinel de Souza Cárgano.

Desde então, ao largo de mais de uma década, o Universidade 93,7 recebeu quatro Salvas de Prata, como vencedor na categoria Reportagem Difundida por Emissora de Rádio, no Troféu São Paulo: Capital Mundial da Gastronomia, promovido pela Câmara Municipal de São Paulo. Os ganhadores foram os programas Gastronomia em São Paulo: restaurantes de propriedade de imigrantes e refugiados na capital paulista (2017); Festival de Inverno com Jazz e Fondue (2018); Restaurantes em São Paulo (2019); e, recentemente, História com Tempero: Mocotó (2022).

Além disso, a aluna Carolina Marins Dias dos Santos foi a vencedora do II Prêmio Rubra de Rádios Universitárias, em 2021, com a reportagem especial USP para (Des) Privilegiados, transmitida em série no Universidade 93,7, fruto de um Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo na USP.

Os alunos também produzem programas experimentais, oferecendo alternativas à programação das emissoras brasileiras. Destacam-se entre estes os debates, nos quais se abordam temas de relevância com a participação de especialistas. Um exemplo foi o debate promovido em 2016 entre a professora da Faculdade de Educação da USP Lisete Arelaro (1945-2022) e o economista Ricardo Henriques, sobre o futuro da educação e da formação no País, assunto que voltou à tona com o novo debate sobre a estruturação do ensino médio. À época, esta edição foi produzida pelos estudantes Marina Yukawa, Daniel Azevedo Muñoz, Hailton Biri, Pâmela Carvalho, Quéfren de Moura, Murilo Carnelosso e André Rinaldi Spigariol.

O programa honra a tradição do Departamento de Jornalismo da ECA, com o desenvolvimento de produções jornalísticas que realmente são difundidas e se apresentam à sociedade, tornando-se o maior diferencial do curso. Além das disciplinas teóricas, os alunos recebem a confiança e o aval dos professores para iniciarem os seus trabalhos como repórteres, editores e outras funções que exercerão no mercado posteriormente.

Dessa maneira, a USP oferece um ensino de jornalismo que se diferencia na qualidade de seus estudantes, assim como por ser um centro de vanguarda que promove o debate e a produção universitária. A divulgação científica merece destaque, já que os professores e pesquisadores são os principais convidados do programa.

Já foram transmitidos em torno de 800 programas nestes 15 anos, incluindo diversas produções que são frutos de pesquisas de pós-graduação e pós-doutorado, como os especiais elaborados pelos professores Lourival da Cruz Galvão Júnior, Rafael Duarte Oliveira Venancio e Carlos Augusto Tavares Júnior, e dos alunos Felipe Parra Alves de Oliveira e Gustavo de Araújo Longo, entre outros.

Esse trabalho movimenta o curso de Jornalismo através de um prazeroso barulho que ecoa entre os universitários, seja pelos corredores ou dentro do estúdio de rádio. Essa construção coletiva revelou que um jornal-laboratório é muito mais que um produto midiático, ou seja, é um exercício de cidadania, baseado na liberdade de expressão e na responsabilidade para com a democracia e o jornalismo.

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