“Manhã com Bach” continua a exibir as sonatas em trio para órgão

Programa apresenta também a cantata Meine Seufzer, meine Tränen, “Meus gemidos, minhas lágrimas” (BWV 13)

 08/02/2020 - Publicado há 4 anos
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Nos dias 8 e 9 de fevereiro, o programa Manhã com Bach, da Rádio USP (93,7 MHz), deu continuidade à audição das seis sonatas em trio para órgão do compositor alemão Johann Sebastian Bach. Desta vez, foram exibidas a Sonata em Ré Menor (BWV 527) e a Sonata em Trio em Mi Menor (BWV 528). O programa apresentou também a cantata Meine Seufzer, meine Tränen, “Meus gemidos, minhas lágrimas” (BWV 13), de Bach.

Concluídas no final da década de 1720, em Leipzig, com um objetivo didático – o aprendizado do filho mais velho de Bach, Wilhelm Friedemann Bach, então com cerca de 10 anos de idade -, essas obras reúnem num só instrumento as três partes típicas da sonata em trio. Forma musical popular no início do século 18, as sonatas em trio eram executadas por dois instrumentos melódicos – como a flauta e o violino – e o baixo contínuo, que por sua vez é formado por um instrumento de teclado e um de cordas.

A respeito dessas seis sonatas em trio para órgão de Bach, o musicólogo austríaco Karl Geiringer afirma: “Bach queria oferecer trios que pudessem ser executados por uma única pessoa. Sua tentativa foi inteiramente coroada de êxito. As sonatas constituem soberbos exercícios para desenvolver a precisão e a completa independência das duas mãos e dos pés do organista. Mediante a introdução de novos recursos estilísticos, Bach ofereceu aí um desafio que o verdadeiro virtuose do órgão aceitará pressurosamente.” Geiringer afirma ainda que essas composições estão entre as mais alegres obras que Bach escreveu para órgão.

A cantata Meine Seufzer, meine Tränen (BWV 13)

Apresentada pela primeira vez em 20 de janeiro de 1726, em Leipzig, a cantata Meine Seufzer, meine Tränen, “Meus gemidos, minhas lágrimas” (BWV 13), constitui um profundo lamento da alma humana, quando ela se vê em meio ao desespero, à dor e ao sofrimento e acha que Deus a abandonou.

Em sua análise sobre essa obra, o musicólogo alemão Alfred Dürr, o grande especialista nas cantatas de Bach do século 20, afirma: “Em sua estrutura geral o texto apresenta duas partes, compostas de três movimentos cada uma. A primeira parte descreve a falta de esperança daquele que aparentemente foi abandonado por Deus, a segunda descreve a confiança daquele que tem esperança na ajuda de Deus. Cada uma das partes se encessra com uma estrofe coral. A composição de Bach sobre o texto permite reconhecer como a imaginação do compositor se desencadeia, especialmente naquelas passagens textuais que tratam de suspiros e dor. A ária inicial (o primeiro movimento) é um longo lamento de ampla extensão, em que flautas doces e o oboé da caccia estão em relação concertante; as flautas começam com o tema, mas a condução depois muitas vezes é passada para o timbre intermediário do oboé da caccia, o que faz com que o movimento adquira uma coloração sonora encantadora”.

Note-se a rica instrumentação dessa cantata, que inclui um coral a quatro vozes, duas flautas doces, oboé da caccia, dois violinos, viola e contínuo.

Manhã com Bach é transmitido pela Rádio USP (93,7 MHz) sempre aos sábados, às 9 horas, com reapresentação no domingo, também às 9 horas, inclusive via internet (www.jornal.usp.br/radio).

As edições anteriores de Manhã com Bach estão disponíveis na página do Jornal da USP.


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