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A desclassificação de uma ilustração feita com inteligência artificial do Prêmio Jabuti causou polêmicas que tomaram as redes, indicando desconhecimento dos procedimentos de criação com essa tecnologia e a urgência de aprofundar o debate sobre seus aspectos éticos e legais. Fica para um outro momento uma conversa mais longa sobre esses aspectos, discutindo as propostas em debate no mundo sobre como instituir parâmetros para uma maior transparência nos dados que são usados no desenvolvimento dos modelos de inteligência artificial.

Vou focar hoje nos aspectos criativos, recomendando um livro que acaba de sair pela Editora Estação de Letras e Cores e que é um bom ponto de partida. De autoria de Renato Gonçalves, que é doutor pela ECA-USP e atualmente faz um pós-doutorado no IEB-USP, o livro é uma introdução ao tema da inteligência artificial e discute procedimentos criativos com sistemas generativos, ou seja, onde são criados novos dados a partir de outros dados.

Para isso, Renato Gonçalves, o autor, explica de forma muita clara e didática o que é inteligência artificial, faz um panorama da inteligência artificial na criatividade e detalha as tecnologias baseadas em modelos de linguagem natural, como o ChatGPT e o Midjourney. Para completar, ele explora a criação com visão computacional, os processos de metalinguagem no desenvolvimento com IAs não só no campo das imagens, mas também na criação sonora.

Além de desfazer vários equívocos sobre criação com inteligência artificial, o livro mostra que a inteligência artificial não faz nada sozinha. E que, apesar de tudo no mundo tecnológico estar programado para nos transformar em meros apertadores de botão, é preciso romper essas cadeias produtivas, é fundamental um repertório crítico e cultural para que se possa tirar proveito do melhor da inteligência artificial, tirar proveito do melhor da inteligência humana. O livro se chama Cr(ia)ção, Criatividade e Inteligência Artificial.

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