“Manhã com Bach” começa a exibir as seis sonatas em trio para órgão

Programa mostra também cantata que compara a vida do ser humano a uma viagem de barco

 01/02/2020 - Publicado há 5 anos
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Duas das seis sonatas em trio para órgão do compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750) – a Sonata em Mi Be Mol Maior (BWV 525) e a Sonata em Dó Menor (BWV 526) – foram exibidas no programa Manhã com Bach, da Rádio USP (93,7 MHz), nos dias 1º e 2 de fevereiro de 2020. O programa apresentou também a cantata Ich will den Kreuzstab gerne tragen, “Eu quero com prazer carregar a cruz” (BWV 56).

Ouça nos links acima a íntegra do programa.

As sonatas em trio de Bach

Uma porção tocante e singela da obra de Bach é formada pelas seis sonatas em trio para órgão, que no Bach Werke Verzeichnis (BWV), o catálogo das obras de Bach, recebem os números de 525 a 530.

Muito popular no início do século 18, a sonata em trio era executada utilizando-se dois instrumentos melódicos – como a flauta e o violino – e o baixo contínuo, que formam as três partes que justificam o nome “sonata em trio”. Como o baixo contínuo é composto de dois instrumentos (um de cordas e outro de teclado), essa forma musical incluía, na verdade, quatro instrumentos.

As seis sonatas em trio de Bach para órgão reúnem as três partes típicas da sonata em trio num só instrumento. Nelas, a mão direita, a mão esquerda e os pedais exercem a função dos dois instrumentos melódicos e do baixo contínuo.

Essas seis peças de Bach foram compostas em Leipzig no fim da década de 1720. Na sua origem, elas têm uma função didática: Bach criou essas obras para o aprendizado do seu filho mais velho, Wilhelm Friedeman Bach, que então tinha cerca de 10 anos de idade e já demonstrava um enorme talento para a música. Apesar dessa origem didática, as seis sonatas em trio de Bach para órgão estão entre as obras de mais difícil execução para esse instrumento.

A cantata Ich will den Kreuzstab gerne tragen

Apresentada pela primeira vez em 27 de outubro de 1726, em Leipzig, a cantata Ich will den Kreuzstab gerne tragen, “Eu quero com prazer carregar a cruz” (BWV 56), tem cinco movimentos, sendo que os quatro primeiros são executados pelo baixo e o último, pelo coral a quatro vozes.

No segundo movimento, o texto da cantata compara a vida do ser humano a uma viagem de barco, em que as ondas bravias representam as angústias, as dores e as aflições típicas da existência humana, que ameaçam levar à morte. Mas a misericórdia de Deus é a âncora forte que sustenta o ser humano. O violoncelo imita as ondas do mar, até que tudo se acalma quando são pronunciadas as palavras So trete ich aus dem Schiff in meiner Stadt, die ist das Himmelreich, “Então desço do barco em minha cidade, que é o reino dos céus”. No último movimento, a morte corresponde à chegada ao porto seguro, a bem-aventurança eterna.

Manhã com Bach é transmitido pela Rádio USP (93,7 MHz) sempre aos sábados, às 9 horas, com reapresentação no domingo, também às 9 horas, inclusive via internet (www.jornal.usp.br/radio).

As edições anteriores de Manhã com Bach estão disponíveis na página do Jornal da USP.


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