Lia Vainer Schucman fala dos privilégios da branquitude

Para a entrevistada, o branco já tem, de partida, uma vantagem muito grande: ele não carrega sua raça

 22/07/2019 - Publicado há 5 anos     Atualizado: 24/07/2019 as 11:13
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No ‘Diversidade em Ciência’, Ricardo Alexino Ferreira entrevista Lia Vainer Schucman, doutora pelo Instituto de Psicologia da USP e autora da tese financiada pela Fapesp: “Entre o ‘encardido’, o ‘branco’ e o ‘branquíssimo’: raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana”.
Durante o programa, ela irá apresentar os resultados de sua pesquisa e como a ideia de raça e os significados acerca da branquitude são apropriados e construídos por sujeitos brancos na cidade de São Paulo. Como metodologia, a pesquisadora entrevistou indivíduos que se autodefiniram como brancos e como eles pensavam a questão de identidade étnica.
Segundo ela, “a branquitude é entendida como uma construção sócio-histórica produzida pela ideia falaciosa de superioridade racial branca, e que resulta, nas sociedades estruturadas pelo racismo, em uma posição em que os sujeitos identificados como brancos adquirem privilégios simbólicos e materiais em relação aos não brancos”.
“Uma das características mais marcantes da branquitude é que o sujeito branco tem uma ideia de que ele é normal. Ou seja, ele é a norma e o outro, diferente. Logo, o branco já tem, de partida, um privilégio muito grande: ele não carrega sua raça. Se ele roubar, vão falar ‘aquele homem, o João, roubou a loja’. Nunca será ‘os brancos’ roubaram a loja. Enquanto que em outros segmentos racializados – índios, negros e outros –, o indivíduo sempre carrega um grupo”, explica.
A tese de Lia transformou-se no livro “Entre o ‘encardido’, o ‘branco’ e o ‘branquíssimo’: raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana”, editado por Fapesp/Annablume. Pela Editora da UFBA (EdUfba), ela também tem o livro “Famílias inter-raciais: tensões entre cor e amor”.
O ‘Diversidade em Ciência’ é um programa de divulgação científica, voltado para as ciências da diversidade e direitos humanos e vai ao ar toda segunda-feira, às 13 horas, com reapresentações às terças-feiras, às duas horas da manhã e aos sábados, às 14 horas, com direção e apresentação do jornalista, professor da USP e membro da Comissão de Direitos Humanos da USP, Ricardo Alexino Ferreira e operação de áudio de João Carlos Megale. O programa é gravado nos estúdios do Departamento de Comunicações e Artes/Educomunicação, da Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo (ECA-USP).
A Rádio USP-FM pode ser sintonizada em 93,7 MHz/SP ou pelo link http://www.radio.usp.br/?page_id=540
Texto: Ricardo Alexino Ferreira
Foto: Arquivo pessoal da entrevistada

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