O que esperar da reunião da Otan na Lituânia?

Marília Fiorillo avalia que a Suécia será aceita, depois de provável acordo com o presidente turco, mas que a Ucrânia vai ter de esperar

 14/07/2023 - Publicado há 10 meses

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Na coluna desta semana, a professora Marília Fiorillo comenta sobre os prováveis resultados da reunião da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que está ocorrendo na Lituânia.

“No momento em que gravamos este podcast, terça-feira (11/7), começou na Lituânia a reunião dos países membros da Otan. Um acordo alinhavado com o presidente da Turquia, Erdogan, provavelmente vai consumar a inclusão da Suécia na Aliança. Erdogan sempre se ressentiu do acolhimento sueco aos curdos do PKK, e aparentemente cedeu, condicionando seu apoio á promessa de ser aceito na União Europeia. Quem reclamou foi Zelensky. Criticou Stoltenberg, secretário-geral da Aliança, pela ausência, no calendário de reuniões, de qualquer aceno maior sobre uma futura inclusão da Ucrânia, apesar de alguns diplomatas terem prometido, para quarta, a criação de um conselho especial Otan-Ucrânia que daria a Kyev a possibilidade , eventual, de convocar reuniões de todos os membros da Aliança.”

“Mas a Ucrânia sairá derrotada? Não exatamente derrotada, mas decepcionada. É obvio que não se esperava sua inclusão na Otan agora, em meio ao confronto com a Rússia, pois isso implicaria numa declaração de guerra de todos os aliados contra o regime do Kremlin, o que ninguém deseja. Mas há outro pormenor: para ser aceito, o país tem que cumprir certas normas e regras do Tratado. E a Ucrânia acaba de receber, dos Estados Unidos, bombas de fragmentação, uma arma proibida em vários tratados internacionais. Muito se condenou a venda das cluster bombs (banidas, como as armas químicas) para os ucranianos. É compreensível, mas lembremos que o oponente, a Rússia, já usa há anos e à vontade essa arma proibida. E não somente agora, na Ucrânia, como em Aleppo, na Síria, quando ajudou o ditador Bashar Al Assad a consumar seu genocídio e sair vitorioso.”


Conflito e Diálogo
A coluna Conflito e Diálogo, com a professora Marília Fiorillo, vai ao ar quinzenalmente sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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