Inteligência artificial e saúde mental. O que uma tem a ver com a outra?

De acordo com o professor Glauco Arbix, as pessoas estão cada vez mais procurando na inteligência artificial algum tipo de ajuda para as suas ansiedades, o que é um erro, uma vez que a tecnologia apenas reproduz valores que lhe foram imputados por bancos de dados

 27/09/2022 - Publicado há 2 anos
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A inteligência artificial, vejam só, também está se imiscuindo na saúde mental das pessoas. Cresce a oferta de aplicativos que oferecem alguma ajuda para quem se sente deprimido ou estressado. Na visão do professor Glauco Arbix, “as pessoas aparentemente se sentem melhor falando com um aplicativo que, segundo elas, não tem sentimentos parecidos com os seus”. E aí é que está o erro, uma vez que, embora essas máquinas possuam sentimentos, não são os delas e sim os de seus programadores e, nesse sentido, replicam valores que nem sempre são os mais adequados e que muitas vezes estão embutidos de preconceitos.

“A visão das pessoas sobre a inteligência artificial é embebida em mitos, esses mitos organizam a vida concreta das pessoas”, argumenta o colunista. Trata-se de uma tecnologia que se “apresenta como algo muito humano e ao tentar agir como um humano é que as coisas ficam complicadas, porque ela acaba reproduzindo visões comuns do mundo, acaba insinuando que as pessoas não estão bem no mundo por conta delas e não por conta do emprego, não por conta da sociedade”. Desse ponto de vista, os aplicativos acabam reproduzindo esquemas dominantes que surgem na sociedade. “É preciso tomar muito cuidado”, aconselha Arbix. “Use com parcimônia ou para se divertir, não para se curar.” Afinal, para isso existem os profissionais qualificados.


Observatório da Inovação
A coluna Observatório da Inovação, com o professor Glauco Arbix, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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