Filmes de ficção científica e tecnologias preditivas

Luli Radfahrer analisa filmes de ficção científica que anteciparam coisas que já existem ou que estão em vias de, apesar de nem tudo ter um pé na realidade

 23/06/2023 - Publicado há 10 meses

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Nesta coluna, Luli Radfahrer fala sobre filmes icônicos, como Matrix ou Minority Report, que, na época em que foram lançados, beneficiaram-se de uma estética que ele chama de cyberpunk. “Ninguém mais lembra deles, mas são filmes muito icônicos, o que acontece é que, de vez em quando, a tecnologia muda muito rápido e, às vezes, a tecnologia que muda muito rápido tem um nível de virtualidade que é muito ruim para substituir […] então, o que acontece é que a gente está num ambiente que a tecnologia muda muito, boa parte dessa tecnologia ainda é virtual demais e as pessoas estão um pouco perdidas. A hora que o terreno tiver mais sólido e as coisas mudarem menos, aí vem um novo cinema”, sentencia Radfahrer.
São filmes que também antecipavam temas tecnológicos que, de um modo ou de outro, acabaram por ter um pé na realidade. “O pré-crime não virou em termos, mas a gente ainda não tem tanta certeza, um monte de estruturas de polícia em vários lugares do mundo, da China aos Estados Unidos, usam tecnologias preditivas e big data para combater ou procurar o crime, então a gente ainda não sabe direito dessa, mas a ideia de vigilância robótica automática, onipresente, a ideia de veículo autônomo, a ideia de anúncio tridimensional dirigido para você, todas essas coisas se tornaram mais reais até do que a gente gostaria; algumas estão em desenvolvimento.”
É verdade, por outro lado, que alguns dos mundos virtuais refletidos nos filmes nem sempre exibem correspondência com o mundo real. “A primeira delas é uma coisa que todo mundo queria, é a tal da mochila que tem jato. Só que mochila que tem jato é extremamente perigoso […] cura para o resfriado não apareceu, e outras coisas é até uma pena que não viraram, tipo o jornal do Harry Potter, que é uma coisa que parece papel e que as notícias mudam lá – ler num Kindle, ler num iPad, ler num telefone é legal, mas ainda é muito pequeno, papel é muito mais legal. E fotos impressas. Foto impressa também é uma coisa que praticamente sumiu, o que é uma pena”, reflete o colunista. “O que é legal, de qualquer filme de ficção científica, é que filme de ficção científica normalmente não está prevendo o futuro, ele está olhando para o presente e ele está vendo o que está errado ali e pode ser mudado, e ali tem muitas lições bacanas, e eu acho que essa é a maior lição que a gente pode tirar de um filme desses.”

Datacracia
A coluna Datacracia, com o professor Luli Radfahrer, vai ao ar quinzenalmente, sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP Jornal da USP e TV USP.

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