Esta semana foi muito intensa. Eu acompanhei a movimentação do público na maior feira de livros do Brasil e digo, sem titubear: o livro impresso é um sucesso! A Festa do Livro é uma verdadeira maratona para todos os profissionais envolvidos: são cinco dias de vendas ininterruptas, ou seja, das 9h às 21h. No final de semana, portanto, atenção, a festa funciona das 9h às 19h.
No dia da abertura, eu acompanhei o evento das 9h da manhã até as 21h. Há editoras de peso que provocam filas tão extensas, que mais se parecem com serpentinas. Mas há muitas editoras novas também. Ou seja, apesar dos dados nem sempre festivos do comportamento do mercado editorial brasileiro, pequenos editores têm se organizado para participar dessa festa.
Eu queria chamar a atenção para o cartaz deste ano: é jovem, colorido, festivo. Acho que todos os editores gostaram das bolinhas de sabão, pois a ideia foi reproduzida em várias campanhas do Instagram. Parabéns à Edusp e ao artista – ou à artista – que planejaram uma campanha tão alto astral.
A Festa da USP sempre foi polêmica entre os profissionais do mercado. Os livreiros reclamam dos descontos de 50% praticados pelos editores durante os dias da feira. E reclamam com razão, pois obviamente o movimento deles cai aqui em São Paulo. A situação deve ter ficado mais dramática quando a feira foi on-line, nos anos da pandemia. Houve a tentativa de manter um evento híbrido e eu sou contra essa ideia. A festa é um local de vivência do mercado, é um espaço de sociabilidade e de descobertas. Nesta semana eu descobri muitos livros. E isso é muito positivo para o mercado.
Em um cenário no qual a Lei do Preço Único ou Lei Cortez vigora, as vendas de livros novos, ou seja, editados em um período inferior a dois anos, não poderão ser feitas com descontos superiores a 10%. Isso, considerando o projeto em tramitação no Senado. Ou seja, em primeiro lugar, a lei protege os lançamentos – e estes escassearam na Festa do Livro. As grandes editoras, por exemplo, não levam todos os seus títulos em catálogo. E a última questão, mais delicada, pode ser colocada da seguinte maneira: não se pode culpar o cliente por querer pagar mais barato! Se a lei não nascer com o apoio popular, ou seja, se ela não vier dentro de um programa maior, que proteja e dinamize o ecossistema do livro como um todo, ela será um fiasco.
Enquanto isso, festejemos o livro impresso, a leitura e seus leitores!
Bibliomania
A coluna Bibliomania, com a professora Marisa Midori, vai ao ar quinzenalmente, sexta-feira às 9h00, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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