Os robôs de inteligência artificial do ChatGPT estão presentes no dia a dia da prática oftalmológica? “Ainda muito pouco e mais como curiosidade”, responde Eduardo Rocha. “Recentemente, nós, editores dos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, produzimos um editorial, onde o ChatGPT entregou um texto a respeito do que entendia como sendo o trabalho de editores de uma revista científica e, em seguida, nós, editores, refletimos sobre o futuro dele na produção e revisão de artigos.” Em testes usados para concessão do título de oftalmologista no Brasil, apresentados ao ChatGPT, a porcentagem de acerto foi de 42%, insuficiente para um médico ser aprovado.
Rocha também não acredita que, no futuro, oftalmologistas e pesquisadores da saúde visual sejam substituídos por inteligência artificial e versões avançadas de aplicativos como o ChatGPT. “O conhecimento avança, as ferramentas de linguagem e IA podem acelerar as decisões e otimizar o trabalho médico, com rascunhos de laudo e receitas por comando de voz, ajudar com as barreiras de linguagem que nós enfrentamos na troca de conhecimentos com o exterior […], mas, no dia a dia, na tomada de decisão conjunta com o paciente, o contato pessoal e, às vezes, mais do que a impressão de um ou dois médicos, a gente observa que ainda é uma exigência, uma necessidade”, afirma o colunista.
Já na cirurgia, as singularidades de cada pessoa impedem que haja um robô atuando de forma única ou padronizada, o mesmo acontecendo na pesquisa, produção e divulgação científica, em que há informação nova e mudança de linguagem tão rápida que dificultaria o trabalho de um robô. “E vale lembrar que hoje os aplicativos de checagem de similaridade, de linguagem, já são capazes de reconhecer se e quanto de um texto científico foi produzido por inteligência artificial. Assim, a impressão neste momento é que as pessoas vão saber e muitas vezes escolher o que querem especificamente de um aplicativo gerador de conteúdo de linguagem e quanto vão continuar exigindo do seu direito à saúde e da responsabilidade compartilhada com o médico, inclusive na saúde visual.”
Fique de Olho
A coluna Fique de Olho, com o professor Eduardo Rocha, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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