Barragens de mineração não completam todos os critérios técnicos no Brasil

Segundo Rafaela Shinobe, após o rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, houve uma pressão maior para que as mineradoras divulgassem informações sobre riscos estruturais nessas construções

 20/02/2024 - Publicado há 2 meses
O maior problema encontrado através da pesquisa foi a falta de atualização – Foto: Vinícius Mendonça/Ibama via Flickr-CC CC BY-SA 2.0
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Rafaela Shinobe – Foto: Linkedin

Pesquisadores da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP) avaliam a divulgação de informações sobre riscos de barragens de rejeitos de mineração. Rafaela Shinobe, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral e de Petróleo da Escola Politécnica, discorre sobre as informações obtidas através de sua pesquisa intitulada Public databases of tailings storage facilities fall short of full risk disclosure, sob orientação do professor Luis Enrique Sánchez.

Dados 

Segundo a pesquisadora, após o rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, houve uma pressão maior para que as mineradoras divulgassem informações sobre riscos estruturais nessas construções. Nesse sentido, em 2020 foi lançado o Padrão Global da Indústria para Gestão de Rejeitos, documento que incentiva a divulgação dessas informações no formato de base de dados.

De acordo com Rafaela, o levantamento de informações da pesquisa analisou os critérios das estruturas de armazenamento a partir de quatro grupos. O primeiro é o escopo dos dados, o segundo é o formato pelo qual as informações são divulgadas, o terceiro foi a frequência de atualização dessa base de dados e, por fim, o quarto observa o conteúdo do documento.

Falhas

Conforme a discente, o maior problema encontrado através da pesquisa foi a falta de atualização, já que as informações não haviam sido alteradas há pelo menos um ano e essa modificação é extremamente necessária, porque as barragens estão mudando constantemente em termos de estrutura e volume suportado. Para a mestranda, os documentos costumam concentrar seus esforços nas questões estruturais e de arquitetura e acabam omitindo questões relevantes sobre o espaço e situações de emergência, como preparação e rotas de fuga em caso de rompimento das barragens.

De acordo com a pesquisadora, mesmo as bases que atingiram a melhor pontuação nas análises não conseguiram completar todos os critérios. “Algumas bases tiveram melhores critérios, mas elas também não possuem as qualificações que outras bases possuem. Digamos que tiveram uma pontuação, mas não completam todos os critérios”, conta.

Relevância

Segundo Rafaela Shinobe, essa linha de pesquisa é profundamente útil, pois não há diretrizes para padronizar essas bases de dados, então, a análise detalhada consegue levar as informações às pessoas que residem próximas às barragens. 

“É Interessante analisar essas bases para ver como as informações são dispostas e o que pode ser melhorado para aumentar a sensibilidade dos dados, para fazer com que sejam compreensíveis e que sejam divulgadas às pessoas que devem ter essas informações, ou seja, aquelas que estão expostas aos riscos”, explica.


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