Ainda há muito o que aprender sobre a covid-19

Apesar do sucesso científico inédito da vacinação, alcançar imunidade coletiva é algo muito distante

 09/04/2021 - Publicado há 4 anos

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No último ano, os conhecimentos sobre a covid-19 aumentaram muito, mas ainda há muito a aprender sobre o vírus sars-cov-2, que causa a doença, afirma o físico Paulo Nussenzveig na coluna Ciência e Cientistas. “Como boa parte dos cidadãos, busco angustiado os sinais de que venceremos a batalha contra o vírus. Em 18 de março, a revista Nature publicou um comentário intitulado ‘Cinco razões pelas quais imunidade coletiva (‘de rebanho’) contra covid-19 é provavelmente impossível'”, afirma. “Apesar do título do comentário ter viés pessimista, a autora, Christie Auschwanden, considera realista que a covid se torne ‘apenas’ endêmica, como a gripe.”

“Embora a vacinação tenha começado menos de um ano após o início da pandemia, num sucesso científico inédito, ela pode ser insuficiente para conferir a imunidade coletiva. A primeira razão apresentada pela autora é que não sabemos se as vacinas previnem a transmissão do vírus”, conta Nussenzveig. “Sabemos que várias vacinas são eficazes em prevenir os sintomas da doença mas ainda não temos dados referentes à transmissão. Se não forem eficazes para isso, a única forma de conferirem imunidade coletiva é com uma taxa de vacinação muito alta, algo ainda distante.”

“A segunda razão apontada é a desigualdade na velocidade de vacinação mundo afora. Há países, como Israel, que se aproximam de limites originalmente estimados para imunidade coletiva, com 50% da população vacinada com duas doses e 60% que receberam ao menos uma dose. Os EUA incrementaram tremendamente a taxa de vacinação, aplicando 100 milhões de doses em menos de dois meses”, comenta o físico. “Como ‘nenhuma comunidade é uma ilha’ (com exceção de locais como Austrália e Nova Zelândia…), o contato com comunidades vizinhas que não foram vacinadas mantém o risco de novos focos de contágio. Além disso, uma importante fração da população mundial tem idade inferior a 18 anos e as vacinas não estão aprovadas para essa faixa etária.”


Ciência e Cientistas
A coluna Ciência e Cientistas, com o professor Paulo Nussenzveig, no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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