Sociedade em Foco #165: Importância de políticas públicas para a transição energética e a inteligência artificial

O professor José Luiz Portella explica como as políticas públicas feitas a partir dessas novas tecnologias podem alavancar o Brasil

 19/09/2023 - Publicado há 8 meses
Momento Sociedade - USP
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Sociedade em Foco #165: Importância de políticas públicas para a transição energética e a inteligência artificial
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O ano de 2023 está sendo responsável por fortalecer debates que relacionam políticas públicas e inovações tecnológicas. Temas como inteligência artificial (IA) e transição energética estão no centro da discussão mundial. José Luiz Portella, doutor em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, disserta sobre a necessidade de implantar medidas governamentais voltadas para o assunto no Brasil. Ele explica de que maneira isso vai favorecer, em especial, as camadas mais pobres e fortalecer o País no cenário internacional.

O professor cita o economista Joseph Schumpeter, criador da teoria da destruição criativa. De acordo com o conceito, é necessário uma quebra no padrão para dar saltos na atividade econômica, assim como o caso do smartphone que substituiu as câmeras fotográficas. Ainda segundo o pensador, essas ondas revolucionárias ocorrem desde o início da atividade humana e, hoje em dia, vêm diminuindo conforme o avanço tecnológico.

“A inteligência artificial, com o tempo, vai substituir algumas profissões. Por exemplo, a de programador, que vai por alguns anos utilizar desse conhecimento, mas vai chegar o momento em que quem vai programar será a inteligência artificial, porque ela é mais rápida, consegue consultar mais dados e programar mais rapidamente”, prevê o especialista.

Portella ainda comenta que, para contornar a situação, o Brasil deve dominar e produzir sobre o assunto para, dessa forma, realizar políticas públicas responsáveis por gerar novos empregos bem remunerados. E, consequentemente, proporcionar um salto na atividade econômica do País, colocando-o entre os principais do globo. Assim, os próximos disruptores – inteligência artificial e energias renováveis – tendem a criar novos mercados e uma nova indústria que, acompanhados de políticas públicas, possam favorecer regiões mais pobres economicamente, de acordo com o professor.

Sobre a transição energética, o pesquisador esclarece que na Europa, com destaque para a Alemanha, existe a tentativa de se desvencilhar da dependência do gás russo, a partir do investimento em hidrogênio verde. “Um dos maiores celeiros de hidrogênio verde do mundo é o Brasil, que possui todas as condições para utilizar dessas fontes renováveis”, reflete o professor sobre a possibilidade em contexto nacional.

Em contrapartida, segundo o especialista, esse avanço tecnológico no País está andando em passos lentos, com um pouco de destaque em algumas universidades do Nordeste e na Escola Politécnica (Poli). “Isto vai representar um grande salto, acredito que é isso que o Brasil deveria estar pensando agora, quando, na verdade, ele está preocupado com coisas obsoletas” , considera.

Por fim, Portella ressalta a necessidade de investimento em políticas públicas que envolvam inteligência artificial e energias limpas — com foco no hidrogênio verde, um combustível muito procurado pelo continente europeu e, na visão do especialista, uma oportunidade de o Brasil dar um salto que não soube aproveitar na questão do pré-sal.


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