Nesta semana, o Momento Sociedade aborda o tema da pandemia do novo coronavírus, causador da Covid-19, bem como esse assunto está sendo tratado no Brasil. “Acho que está sendo tratado com extremos e imediatismo. Saímos da calma demais, do pedido de não ter pânico, de uma reação exagerada. O não pânico não deve ser [considerado] como poucos cuidados, como se a pandemia não fosse ocorrer. Você tem que agir com rigor, calma e de forma planejada”, avalia José Luiz Portella, pesquisador da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.
Ele ressalta que a ação deveria vir antes da contaminação comunitária, ou seja, quando já são registrados casos de transmissão sem que se houvesse um fator em comum. Por exemplo, uma viagem à Europa ou ser parente/conhecido de portadores do novo coronavírus. O que deve ser considerado agora é a busca por diminuir a disseminação dentro do Brasil, que passa de brasileiro para brasileiro.
Para Portella, o País caiu na armadilha da calma, quando não havia nenhum caso confirmado, até surgir o primeiro, em que já poderiam ter sido adotadas várias medidas desde então. “O Brasil tem uma boa vigilância sanitária, que consegue acompanhar [os casos], mas não tem estrutura para atendimento. Nem EUA, nem China, ninguém tinha essa estrutura”. Pela área da saúde ser bastante delicada, era necessário conter as contaminações desde os registros da disseminação comunitária.
“Taiwan, Hong Kong e Singapura tiveram procedimentos muito parecidos. Os três possuem forte relação com a China e, desde o começo, fizeram ações firmes e rigorosas sem pânico”. Algumas das medidas feitas foram: controle da fronteira antes da disseminação dos casos, que impediram entrada de pessoas do exterior; entrevistas com todos os passageiros que chegavam em seus aeroportos; imposição de quarentena com protocolos rigorosos; realização de exames de monitoramento mesmo para pessoas que apresentassem sintomas mais leves; indicação de distância social e proibição de aglomerações. “Que só agora começou no Brasil.”
Ouça no link acima a íntegra do podcast Momento Sociedade.