“O que está acontecendo em São Paulo não é a primeira vez e as causas já foram muito debatidas”, afirma José Luiz Portella no Momento Sociedade desta semana. Ele tem experiência no assunto já que foi secretário estadual de Transportes Metropolitanos e de Serviços e Obras da Prefeitura de São Paulo. Ele analisa que a primeira causa do problema é a falta de planejamento, já que “somos um país imediatista, um país que quer resolver tudo com uma canetada no momento da crise, aí aquilo passa, não se aceita um estudo mais profundo”.
Portella explica que o que vimos nesta segunda-feira, 10 de fevereiro, em São Paulo foi a acumulação da água, sem meios para escoamento. Para ele, nem todas as causas são antrópicas, ou seja, causadas pelo homem, elas são intensificadas pelo processo de urbanização desordenado que só continua, além das causas naturais, como as chuvas muito acima do normal.
Há também causas históricas para esse estilo de urbanização. Portella cita a forma como a colonização portuguesa construiu as cidades, diferentemente da colonização espanhola. Associada a isso, há a expansão urbana acelerada, baseada na especulação imobiliária, na necessidade de moradia das pessoas e na falta do poder público que não consegue conter esse movimento. Tecnicamente, ele explica, há bairros construídos abaixo da linha do lençol freático e que vão inundar, sem que o plano diretor da cidade resolva isso. Em suma, os fenômenos naturais são recorrentes, faltam políticas públicas, e falta posicionamento da sociedade. Para ele, o diferencial pode vir de uma cobrança anterior da sociedade, não depois do problema. Não existem planos preventivos, apenas emergenciais, segundo Portella.