O podcast Ambiente é o Meio desta semana conversa com Jean Paul Metzger, professor do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências (IB) da USP. Especialista em Ecologia da Paisagem e Conservação da Biodiversidade em paisagens altamente fragmentadas, essencialmente na região da Mata Atlântica brasileira, Metzger não podia falar de outro assunto: a fragmentação da Mata Atlântica e suas características.
Apesar das más notícias sobre o bioma, a professor afirma que boa parte da biodiversidade da mata ainda resiste. Dedicado a entender quais são as condições espaciais que mantêm essa biodiversidade, “mesmo estando dentro de paisagens funcionais, paisagens agrícolas”, Metzger afirma que a conectividade entre os remanescentes, com cobertura acima de 30%, “são condições adequadas para manter a biodiversidade”, sem descartar a preocupação com a degradação.
Informa o professor que se trata de 7% a 8% do que resta da Mata Atlântica, de acordo com dados do SOS Mata Atlântica, referentes a fragmentos com mais de 100 hectares bem preservados. Mas, adianta, “na verdade, a gente tem muito mais Mata Atlântica”, quando fragmentos menores são incluídos, “esse valor aumenta muito”.
No total, Metzger diz haver ainda 27% do bioma, entre áreas nativas e fragmentadas, o que representa ainda “uma luz no fim do túnel”, lembrando que é necessário restaurar cerca de “6 a 7 milhões de hectares”.
Remontando à história, com a chegada dos portugueses, a Mata Atlântica, que se estende por toda a costa brasileira, foi o primeiro bioma degradado e fragmentado. Assim, trata-se da preocupação com o processo de “degradação de um ambiente que é muito rico e muito biodiverso”. Ambiente este que concentra cerca de “60% ou 70% da população brasileira” vivendo e produzindo ao longo de uma extensão que possui grande relevância no PIB do Brasil, diz.
Ambiente é o Meio