O Ambiente é o Meio desta semana conversa com o biólogo Giuliano Locosselli, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) da USP e do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente de São Paulo. Especialista em florestas urbanas, Locosselli fala sobre os fatores que influenciam a queda de árvores em áreas urbanas.
As florestas urbanas, adianta o biólogo, “compõem todas as áreas verdes da cidade, desde os grandes fragmentos florestais a parques, praças e, até mesmo, ao jardim da nossa casa e as árvores viárias”. Para Locosselli, os estudos nessa área ainda são “relativamente novos”, visto que essas florestas apenas ganharam destaque quando a maior parte da população passou a viver em cidades, mas destaca que “elas são super importantes”.
Fundamentais para o bem-estar da população, as florestas urbanas são responsáveis pelos serviços ecossistêmicos, que proporcionam, por exemplo, a redução da temperatura e o aprimoramento do conforto térmico, o controle de enchentes, “elas também são capazes de capturar uma série de poluentes do ar e funcionar, então, como um filtro”. Outro aspecto é o imaterial, que segundo Locosselli, é o bem-estar que “a arborização e as florestas urbanas trazem para as pessoas e isso é refletido até mesmo na saúde, principalmente, na saúde mental das pessoas”.
Na cidade de São Paulo, pesquisada por Lococelli, junto com um grupo de pesquisadores, durante os verões, período de chuvas e ventos intensos, há a queda de árvores, “ de duas a três mil por ano”. De acordo com o biólogo, “isso traz uma série de problemas para a cidade. “Estava muito claro que a gente precisava de uma abordagem que trouxesse eficiência ao processo de manejo, que a gente pudesse dar prioridade para as condições que estão mais associadas à queda de árvores”.
Para isso, os pesquisadores, liderados por Locatelli, buscaram entender o ambiente no entorno e qual as características das árvores que caíram. “Nós utilizamos uma técnica relativamente avançada que é uma técnica de inteligência artificial para avaliar a queda de 26 mil árvores nos últimos oito anos na cidade de São Paulo”. O estudo mostrou que cai duas vezes mais árvores nas áreas mais verticalizadas, aquelas que têm prédios mais altos, do que no restante da cidade; a idade dos bairros e distritos tende a ser proporcional a idade das árvores nesses locais, então, “as árvores vão ficando mais velhas e vai aumentando a probabilidade de queda”. Outro ponto que o biólogo destaca é a altura da própria árvore, visto que “a partir dos 10m, há um aumento significativo da probabilidade de queda”. As árvores que estão isoladas, diz o pesquisador, também tendem a ser mais vulneráveis à ação do vento e as podas feitas sem técnicas também são fatores que influenciam na queda das árvores.
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